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Ano: 2023

Selo: Geffen

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Paramore e Billie Eilish

Ouça: Bad Idea Right? e Pretty Isn’t Pretty

7.6
7.6

Olivia Rodrigo: “Guts”

Ano: 2023

Selo: Geffen

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Paramore e Billie Eilish

Ouça: Bad Idea Right? e Pretty Isn’t Pretty

/ Por: Cleber Facchi 15/09/2023

Guts (2023, Geffen) é o tipo de obra que provavelmente deixaria marcas na minha cabeça adolescente de 15 anos. Do momento em que tem início, em All-American Bitch, somos bombardeados por histórias de amores incertos, inseguranças com o próprio corpo, términos e recomeços. Tudo isso enquanto uma soma considerável de guitarras altamente ruidosas surgem e desaparecem a cada novo movimento, como um complemento aos versos. Mas sabe o que é o mais fascinante: tem pelo menos 15 anos que eu não tenho mais 15 anos e o novo álbum de Olivia Rodrigo continua a mexer com a minha cabeça do mesmo jeito.

Segundo registro da parceria entre a cantora e compositora norte-americana e o produtor Dan Nigro, o sucessor de Sour (2021) segue de onde a autora de Drives License e Deja Vu parou há dois anos, porém, amplia consideravelmente o próprio campo de atuação. Onde antes brotavam criações típicas de uma garota no ensino médio, agora surgem composições ancoradas nos dramas de uma jovem adulta. São canções ainda inspiradas pelas vivências de Rodrigo, porém, dotadas de uma poética tão universal que é difícil não sei deixar conduzir pelas experiências e pequenas narrativas sentimentais que invadem o disco.

Comprei uma nova receita para tentar manter a calma / Porque há sempre uma coisa faltando / Há sempre algo no espelho que eu acho que parece errado“, confessa em Pretty Isn’t Pretty, composição que não apenas sintetiza a sensação de deslocamento vivida pela artista em parte expressiva da obra, como destaca o esforço de Rodrigo em romper com o lirismo romântico que tanto serviu de inspiração para o disco anterior. É como se uma forte carga emocional pairasse sobre todo o trabalho, indicativo do esforço da compositora em amadurecer poeticamente, porém, preservando o frescor tão característico de Sour.

Exemplo disso fica bastante evidente na divertida Bad Idea Right?, composição que narra as aventuras da cantora para escapar dos amigos e viver uma noite com o ex-namorado. “Sim, eu sei que ele é meu ex / Duas pessoas não conseguem se reconectar? / A maior mentira que já disse/ simplesmente tropecei e caí na cama dele“, canta em meio a camadas de guitarras que atravessam o pop punk do disco anterior para confessar algumas das novas referências de Rodrigo, como The White Stripes, St. Vincent e uma soma de outros artistas que ganharam maior destaque nos anos 2000. Nada que inviabilize a construção de faixas ainda íntimas do repertório apresentado em Sour, entre elas, Get Him Back e já conhecida Vampire.

Claro que toda essa convergência de elementos tende ao surgimento de pequenos excessos e eventual comprometimento do trabalho. Embora resolvido em um curtíssimo intervalo de duração, Guts tropeça na quantidade exagerada de baladas acústicas, algumas totalmente esquecíveis ou desnecessárias. É o caso de Lacy, faixa em que se aprofunda em comparações com outra personagem feminina, mas que pouco avança quando próxima de canções como Jealousy, Jealousy, do registro anterior. Felizmente, para cada momento de calmaria há sempre um ponto de ruptura, conduzindo o disco para um novo território criativo.

São variações poéticas, rítmicas e sentimentais que jogam com a interpretação do ouvinte durante toda a execução do material. Composições que partem de relacionamentos fracassado e momentos de maior vulnerabilidade emocional, mas que nunca perdem o bom humor. É como se Rodrigo transportasse para dentro de estúdio a mesma leveza explícita em comédias românticas dos anos 1990 e 2000, criando um senso de identificação quase imediato com o público. Dessa forma, somos transportados para dentro de um cenário tão familiar e nostálgico que é praticamente impossível escapar das canções entregues pela artista.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.