Ano: 2025
Selo: Warp
Gênero: Experimental, Eletrônica
Para quem gosta de: Tim Hecker e Laurel Halo
Ouça: Strom Show, Rodl Glide e Lifeworld
Ano: 2025
Selo: Warp
Gênero: Experimental, Eletrônica
Para quem gosta de: Tim Hecker e Laurel Halo
Ouça: Strom Show, Rodl Glide e Lifeworld
No início da década passada, Daniel Lopatin comprou uma série de DVDs com antigos comerciais dos anos 1980 e 1990. Partindo da fragmentação desse material base, o produtor e compositor norte-americano deu vida ao repertório de Replica (2011), trabalho que marca o início do amadurecimento artístico do músico e o princípio de uma série de registros cada vez mais exploratórios de Lopatin como Oneohtrix Point Never.
Quase 15 anos após a entrega do material, interessante perceber em Tranquilizer (2025, Warp) um álbum que utiliza uma proposta criativa bastante similar, mas trilha um caminho completamente distinto. Dessa vez, Lopatin voltou seus estudos para a exploração de CDs de samples da década de 1990 que encontrou pelo Internet Archive. O resultado desse processo está na composição de um material que se aprofunda na temática da memória e até acena para o passado, mas em nenhum momento sucumbe à nostalgia barata.
Claro que isso está longe de parecer uma novidade para quem há tempos acompanha a obra de Oneohtrix Point Never. Se pegarmos alguns dos álbuns mais recentes do produtor, como Age Of (2018) e o conceitual Magic Oneohtrix Point Never (2020), inspirado em antigas estações de rádio, podemos perceber a intensa relação de Lopatin com a exploração do passado e o uso da memória como importante elemento temático.
A principal diferença em relação aos trabalhos que o antecedem está na completa sutileza de Tranquilizer. Do momento em que tem início, em For Residue, Lopatin se aprofunda na elaboração de canções sempre fragmentadas e profundamente orgânicas, como se geradas a partir da lenta sedimentação dos elementos. São incontáveis camadas instrumentais, texturas, uso de captações de campo e ambientações enevoadas.
Em Rodl Glide, por exemplo, Lopatin parte de uma abordagem atmosférica, quase labiríntica, até mergulhar em uma delirante combinação de sintetizadores e batidas eletrônicas. Essa mesma fluidez sutil fica ainda mais evidente em Storm Show, composição que resgata a essência de registros como R Plus Seven (2013). Nada que prejudique a entrega de faixas mais imediatas, como Measuring Ruins e a ritualística Lifeworld.
Toda essa abrangência de elementos faz de Tranquilizer o álbum mais complexo de Oneohtrix Point Never desde Garden of Delete (2015). Mesmo que o volume excessivo de composições estenda a duração do disco para além do necessário, uma vez ambientado ao fascinante território criativo de Lopatin, difícil querer sair dele. É como um elaborado labirinto de sensações, onde cada curva revela um deslumbramento diferente.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.