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Crítica

Pabllo Vittar

: "Batidão Tropical Vol. 2"

Ano: 2024

Selo: Sony Music

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Gaby Amarantos e Gloria Groove

Ouça: Pede Pra Eu Ficar e Ai Ai Ai Mega Príncipe

7.3
7.3

Pabllo Vittar: “Batidão Tropical Vol. 2”

Ano: 2024

Selo: Sony Music

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Gaby Amarantos e Gloria Groove

Ouça: Pede Pra Eu Ficar e Ai Ai Ai Mega Príncipe

/ Por: Cleber Facchi 23/04/2024

Pabllo Vittar talvez seja a artista brasileira mais conectada com o pop atual e os convites para colaborar com nomes de peso como Jessie Ware, Lady Gaga, Charli XCX e Rina Sawayama funcionam como uma boa representação disso. Entretanto, é no olhar pontual para o passado e na relação com a música do Norte e Nordeste do país que a cantora e compositora maranhense parece realmente se sentir à vontade, conceito reforçado com a chegada do segundo e mais recente capítulo da série Batidão Tropical (2024, Sony Music).

Sequência ao material entregue há três anos e que serviu como um necessário momento de alívio no meio da pandemia de Covid-19, o registro produzido em colaboração com os parceiros Rodrigo Gorky, Maffalda e Zebu, da Brabo Music, segue de onde a cantora parou anteriormente, porém, pontuado por instantes de sutil transformação. Livre do componente surpresa do disco passado, Vittar investe agora em canções ainda mais populares, vide a releitura de Pra Te Esquecer, eternizada pela Banda Calypso nos anos 2000.

Vem desse mesmo olhar nostálgico para a música produzida em outras épocas a inusitada apresentação de Pede Pra Eu Ficar, um forró romântico inspirado em Listen To Your Heart, um dos grandes sucessos da dupla sueca Roxette, mas que aqui replica de forma minuciosa a mesma atmosfera das adaptações piratas tão características da música brasileira. São composições que conduzem o ouvinte em direção ao passado, mas em nenhum momento perdem o próprio frescor, a identidade ou deixam de dialogar com o presente.

Exemplo disso fica bastante evidente na inédita Idiota. Composta em parceria com Alice Caymmi, Vivian Kuczynski e o já habitual time de colaboradores da artista, a dramática criação em nada deixa a desejar quando próxima de outras releituras escolhidas a dedo no decorrer do trabalho. “Mais uma vez, a quarta do mês / Tô te ligando, perdi a vergonha … Será que eu sou corna se ficar com ex?“, questiona a letra da composição que poderia facilmente integrar o repertório de Marília Mendonça e outros nomes do gênero.

Outro elemento bastante característico de Batidão Tropical Vol. 2 está na maior abertura para a inserção de novas vozes e colaboradores pontuais. Diferente do trabalho anterior, que foi gestado inteiramente durante o período de isolamento social, o presente registro chama a atenção pelo diálogo com figuras essenciais do forró e do tecnomelody. São nomes como Taty Girl, em Falta Coragem, os membros da Gang do Eletro, Will Love e Maderito, em Rubi e Não Desligue o Telefone, respectivamente, além de Gaby Amarantos, na versão dela mesma para I Don’t Want To Get Hurt, também composta originalmente pelos integrantes do Roxette.

São décadas de referências e verdadeiras preciosidades diluídas em um intervalo de poucos minutos, vide a excelente adaptação de Ai Ai Ai Mega Príncipe, da Banda Batidão, mas que acabam prejudicadas pela decisão da artista e seus parceiros em, mais uma vez, entregar uma obra ainda incompleta. Das 14 faixas do disco, três foram substituídas por mensagens da cantora e devem ser reveladas ao público nos próximos meses, estratégia adotada para divulgar Cadeado, no álbum Noitada (2023), mas que acaba matando parte da experiência do trabalho que merece, sim, ser apreciado da primeira à última canção sem interrupções. 

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.