Ano: 2025
Selo: Balaclava Records
Gênero: Indie Rock, Eletrônica
Para quem gosta de: Terno Rei e Adorável Clichê
Ouça: Confissão, Sua Casa e Pra Sonhar
Ano: 2025
Selo: Balaclava Records
Gênero: Indie Rock, Eletrônica
Para quem gosta de: Terno Rei e Adorável Clichê
Ouça: Confissão, Sua Casa e Pra Sonhar
Mesmo livres da sensação de surpresa e ineditismo que parecia orientar o curto repertório de EP01 (2025), em EP02 (2025, Balaclava Records), os integrantes da Paira mantêm firme a boa forma em estúdio. Vindo em sequência ao material entregue há poucos meses, o trabalho, produzido em colaboração com Roberto Kramer, mostra o esforço de Clara Borges e André Pádua em ampliar criativamente os próprios horizontes.
Inaugurado por Sua Casa, o registro de cinco faixas se revela aos poucos. Enquanto camadas de guitarras, sintetizadores e batidas se entrelaçam em uma medida particular de tempo, versos metafóricos trazem de volta o lirismo agridoce do EP anterior. “Quero remendar a rachadura e o corredor / Quero me preservar da queda, amor”, canta Borges em um delicado exercício de exposição que faz lembrar de Como Um Rio.
Essa mesma delicadeza no processo de composição fica ainda mais explícito na faixa seguinte, Pra Sonhar. Entre versos que tratam sobre origem, caos e despertar a partir de analogias naturais e cósmicas, Borges e Pádua desaceleram de forma a conduzir o ouvinte para um mundo mágico. A própria inserção enevoada dos sintetizadores, evocando instrumentos de cordas, torna o processo de audição ainda mais fascinante.
O mesmo não pode ser dito sobre a canção seguinte, Ao Mar. Como um atropelo, a faixa pode até conduzir o trabalho da dupla para outros territórios, porém surge de maneira deslocada. A própria deficiência das vozes parece prejudicar a potência dos versos, que detalham uma crueza poucas vezes antes percebida no repertório da banda. “Nas batalhas e canções / Eu faço o inferno por você”, cresce a letra da composição.
Nada que Confissão não dê conta de solucionar. Naturalmente serena quando próxima do som explorado na música que a antecede, a canção desacelera para destacar o capricho da dupla mineira na elaboração dos arranjos. São guitarras labirínticas, vozes sobrepostas, sintetizadores e batidas sempre precisas, como uma interpretação ainda mais sensível e madura de tudo aquilo que foi apresentado pela banda em EP01.
Escolhida para o encerramento do EP, Como Ficar não apenas pontua o trabalho de forma tocante, como ainda leva o repertório da Paira para outras direções. Com um pé no dream pop, a faixa deixa as batidas em segundo plano, destacando o uso das guitarras etéreas e versos sempre contemplativos. “O coração só termina / O que o sonho começou”, canta a dupla em um desfecho que combina solidez e vulnerabilidade, combinação que embala a atuação dos dois artistas durante grande parte do material revelado em EP02.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.