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Crítica

Parannoul

: "After the Magic"

Ano: 2023

Selo: Longinus / Topshelf / Poclanos

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Asian Glow e Asunojokei

Ouça: Arrival, Parade e We Shine At Night

8.5
8.5

Parannoul: “After the Magic”

Ano: 2023

Selo: Longinus / Topshelf / Poclanos

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Asian Glow e Asunojokei

Ouça: Arrival, Parade e We Shine At Night

/ Por: Cleber Facchi 02/02/2023

After the Magic (2023, Longinus / Topshelf / Poclanos), como tudo aquilo que Parannoul tem produzido desde os primeiros registros, é um trabalho que se apresenta por completo logo em uma primeira audição, mas que carrega segredos e revela diferentes camadas a cada novo regresso. Terceiro e mais recente trabalho de estúdio do multi-instrumentista sul-coreano, o sucessor de To See the Next Part of the Dream (2021) segue de onde o compositor de Seoul parou há dois anos, porém, de forma ainda mais sensível, estruturalmente complexa e colaborativa, como uma expansão natural do som incorporado pelo artista.

Não por acaso, nas semanas que antecedem o lançamento do trabalho, o músico decidiu presentear o público com We Shine At Night. Quarta faixa do disco, a canção funciona como uma síntese de tudo aquilo que Parannoul busca desenvolver ao longo da obra. São pouco mais de seis minutos em que somos convidados a flutuar em meio a camadas de guitarras e sintetizadores entrecortados por vocais berradas. Entretanto, são os arranjos de cordas assinados por Rei Miyamoto, membro da banda japonesa Vampillia, e as harmonias de vozes da conterrânea Della Zyr, que chamam a atenção e ampliam os limites do álbum.

Conhecido pela série de obras em parceria com nomes como Asian Glow e a brasileira Sonhos Tomam Conta, pela primeira vez, Parannoul utiliza desse aspecto colaborativo para orientar o desenvolvimento do disco. São diferentes instrumentistas, vozes e atravessamentos que resultam não apenas na entrega de um registro marcado pela pluralidade de informações, mas pelo profundo refinamento das canções. Com mais de sete minutos de duração, Parade é um bom exemplo disso. Do uso das cordas, passando por captações de campo, pianos e entalhes percussivos, difícil não se surpreender pelo tratamento dado à composição.

E sabe o que é o melhor? Ela está longe de ser a única faixa a evidenciar tamanho esmero no processo de composição. Música mais extensa do disco, Arrival talvez seja uma boa representação do minucioso processo de criação de Parannoul mesmo nos momentos de maior experimentação e diálogo com o som ruidoso que marca os discos anteriores. Enquanto as guitarras se levantam como blocos intransponíveis de distorção, batidas eletrônicas e efeitos vão de encontro ao mesmo território criativo explorado por nomes como Mew e M83 no início dos anos 2000. Instantes que tendem ao caos, porém, de forma equilibrada.

Partindo de uma estrutura progressiva, onde cada novo movimento desencadeia em uma sequência de pequenos acréscimos, Parannoul faz de cada composição um objeto grandioso. São canções que muitas vezes começam pequenas, porém, se convertem em verdadeiros turbilhões instrumentais. É o caso de Imagination, um pop rock descompromissado que é sutilmente coberto por uma avalanche de ruídos. O mesmo acontece com Sketchbook. Inaugurada em meio a ambientações sutis e captações noturnas, a faixa ganha forma e cresce em uma medida própria de tempo, utilizando da lenta sobreposição dos elementos.

O problema é que essa mesma abordagem cadenciada, essencial para o desenvolvimento do disco, vez ou outra estende a duração das canções para além do necessário. Dessa forma, não é difícil se sentir exaurido ao alcançar os minutos finais do trabalho, desgaste também evidente no repertório de To See the Next Part of the Dream. A própria escolha dos timbres, formatação das guitarras e estruturas bastante similares causam a impressão de que estamos dentro de uma extensa composição, proposta que tende a bagunçar os sentidos do ouvinte, mas que em nenhum momento diminui a força e grandeza de After the Magic.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.