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Crítica

Parannoul

: "Sky Hundred"

Ano: 2024

Selo: Longinus / Poclanos / Topshelf

Gênero: Indie Rock, Shoegaze

Para quem gosta de: Asian Glow e Sonhos Tomam Conta

Ouça: Painless, Gold River e Evoke Me

8.3
8.3

Parannoul: “Sky Hundred”

Ano: 2024

Selo: Longinus / Poclanos / Topshelf

Gênero: Indie Rock, Shoegaze

Para quem gosta de: Asian Glow e Sonhos Tomam Conta

Ouça: Painless, Gold River e Evoke Me

/ Por: Cleber Facchi 14/08/2024

O que acontece quando a mágica chega ao fim? É exatamente isso que Parannoul busca explorar em Sky Hundred (2024, Longinus / Poclanos / Topshelf). Quarto e mais recente trabalho de estúdio do projeto sul-coreano, o sucessor de After the Magic (2023) segue de onde um músico parou no último ano, detalhando conflitos sentimentais e temas existenciais, porém, substituindo a plasticidade explícita no tratamento dado aos arranjos por um material consumido pelos efeitos, ruídos e pequenos atravessamentos instrumentais.

Inaugurado de maneira catártica por A Lot Can Happen, composição que posiciona os pianos em primeiro plano, evocando o Black Country, New Road em Ants From Up There (2022), Sky Hundred pode até seguir de onde o músico sul-coreano parou no último ano, porém se estabelece de forma irregular. É como se o artista transportasse para dentro de estúdio a mesma atmosfera ao vivo de After The Night (2023), efeito direto do desenho torto dado aos arranjos e uso de quebras estratégicas que surgem ao longo do material.

Quinta música do trabalho, Lights Off Repentance funciona como uma boa representação desse resultado. Inaugurada de maneira contida, a composição aos poucos se transforma em um turbilhão instrumental, resultando em um fechamento grandioso que atravessa uma base eletrônica para mesclar trechos de uma apresentação ao vivo da banda. É como um preparativo sutil para o que se revela de forma ainda mais intensa com a chegada de Evoke Me, épica criação que se espalha em um intervalo de mais de 14 minutos.

Claro que essa abordagem ruidosa e profundamente catártica incorporada por Parannoul não interfere na entrega de composições marcadas pela sutileza dos elementos. É o caso de Maybe Somewhere, canção que avança aos poucos, destaca o uso de guitarras melódicas e uma fina base de sintetizadores que leva o disco para outras direções. Surgem ainda faixas como a melancólica Backwards, música que chama a atenção do ouvinte pelo uso de vibrafones e arranjos paisagísticos, soando como uma criação perdida dos anos 1990.

Entretanto, é quando alcança um ponto de equilíbrio entre esses dois extremos que Parannoul garante ao público algumas de suas melhores composições. Exemplo disso pode ser percebido em Painless. Enquanto camadas de guitarras se erguem como paredões intransponíveis de ruídos, linhas melódicas e a pressão da bateria criam um percurso próprio, se encontrando no coro de vozes que pontua a canção. A própria Gold River, logo nos minutos iniciais do trabalho, é outra que se destaca pela intensa combinação de elementos.

Vem justamente desse acumulo de sedimentos, texturas e incontáveis camadas instrumentais a verdadeira beleza do material apresentado por Parannoul em Sky Hundred. Ainda que muitas das faixas que integram o disco utilizem de uma abordagem e temas bastante similares ao repertório que tem sido explorado desde To See the Next Part of the Dream (2021), sobrevive nessa sobreposição dos elementos o estímulo para um trabalho marcado pela atmosfera orgânica, como um registro em permanente processo de transformação.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.