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Crítica

Pet Shop Boys

: "Nonetheless"

Ano: 2024

Selo: Parlophone

Gênero: Synthpop, Dance

Para quem gosta de: New Order e Depeche Mode

Ouça: Loneliness, Why Am I Dancing? e Dancing Star

8.0
8.0

Pet Shop Boys: “Nonetheless”

Ano: 2024

Selo: Parlophone

Gênero: Synthpop, Dance

Para quem gosta de: New Order e Depeche Mode

Ouça: Loneliness, Why Am I Dancing? e Dancing Star

/ Por: Cleber Facchi 06/05/2024

Às vezes, tudo que um artista veterano precisa é de um produtor genuinamente apaixonado por sua obra e interessado em voltar ao básico. Exemplo disso fica mais do que evidente com a chegada de Nonetheless (2024, Parlophone). Novo trabalho de estúdio dos ingleses do Pet Shop Boys, o registro de dez faixas é, ao mesmo tempo, um olhar para o passado criativo de Neil Tennant e Chris Lowe, e um precioso exercício de atualização, efeito direto da produção atenta do cada vez mais requisitado James Ford (Jessie Ware, Blur).

Sabendo do interesse dos dois artistas em produzir um trabalho voltado às pistas, Ford desafiou a dupla a simplificar o material incialmente composto por músicas rebuscadas e de difícil execução. O resultado desse processo está na entrega de um registro que preserva o que há de mais essencial dentro de cada faixa, criando um senso de conexão quase imediato com o ouvinte. Canções que emulam timbres e uma série de outros elementos típicos do pop dos anos 1980, como a característica bateria eletrônica e o uso dos sintetizadores em Feel, mas que em nenhum momento ocultam o essencial: a força dos sentimentos.

Para a realização do trabalho, Tennant e Lowe decidiram se apoiar em emoções, histórias e experiências que nos tornam verdadeiramente humanos. São canções marcadas pela vulnerabilidade dos versos, como um diálogo emocional entre a dupla e o próprio ouvinte. “Por que estou dançando / Quando estou tão sozinho? / O que tenho para comemorar / Aqui sozinho?“, questiona a letra de Why Am I Dancing?, música que sintetiza parte dessa doce melancolia que orienta o desenvolvimento da obra até os momentos finais.

Dentro desse espaço consumido pelas emoções, Tennant traz de volta memórias da adolescência, como na biográfica New London Boy (“Um novo garoto de Londres / Como tantos outros andando por aí / Com seus irmãos do glam rock“) e ainda busca inspiração em personagens históricos, como o bailarino russo Rudolf Nureyev, em Dancing Star, de forma a transitar por diferentes estilos e temáticas. Composições que vão de um canto a outro, porém, preservando o diálogo com o ouvinte e a intensa relação com as pistas de dança.

Não por acaso, Loneliness foi justamente a canção escolhida para inaugurar o disco. Enquanto os versos antecipam o forte aspecto sentimental que orienta a experiência do ouvinte até os minutos finais, batidas cuidadosamente encaixadas e uma linha de baixo suculenta surgem como um convite irrecusável a dançar. São pouco mais de cinco minutos em que Tennant e Lowe costuram passado e presente da própria obra, sempre acompanhados pela exuberância dos arranjos de cordas e metais orquestrados pelo próprio Ford.

Ainda que perca parte do fôlego no segundo bloco de canções, quando músicas como A New Bohemia e The Secret of Happiness destacam o aspecto contemplativo da obra, Nonetheless em nenhum momento deixa de atrair a atenção do ouvinte. Seja pela delicadeza dos temas que habitam dentro de cada faixa, ou pelo evidente refinamento dado aos arranjos, cada mínimo fragmento do trabalho destaca a capacidade do Pet Shop Boys em comover e ainda fazer o público dançar mesmo após quatro décadas de carreira.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.