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Crítica

Phoenix

: "Alpha Zulu"

Ano: 2022

Selo: Glassnote

Gênero: Indie Pop, Pop Rock

Para quem gosta de: Vampire Weekend e Passion Pit

Ouça: Identical e Tonight

7.0
7.0

Phoenix: “Alpha Zulu”

Ano: 2022

Selo: Glassnote

Gênero: Indie Pop, Pop Rock

Para quem gosta de: Vampire Weekend e Passion Pit

Ouça: Identical e Tonight

/ Por: Cleber Facchi 10/11/2022

Isolados por conta da pandemia de Covid-19, os integrantes do Phoenix, Thomas Mars, Deck d’Arcy, Laurent Brancowitz e Christian Mazzalai, decidiram investir em uma proposta diferente para a produção do sétimo álbum de estúdio da banda. Em um estúdio improvisado no Museu des Arts Décoratifs, situado em uma das alas do Louvre, o grupo francês utilizou desse ambiente marcado pela arte como importante componente de estímulo para a construção de um novo repertório. O resultado desse processo está na entrega de Alpha Zulu (2022, Glassnote), primeiro registro de inéditas entregue pelo quarteto de Versalhes em cinco anos.

Sequência ao material revelado pelo grupo em Ti Amo (2017), de onde vieram boas composições como Goodbye Soleil e J-Boy, Alpha Zulu concentra todos os elementos de um típico álbum do Phoenix. Dos versos cantaroláveis à base instrumental que continua a reverberar na cabeça do ouvinte mesmo após o encerramento do trabalho, difícil não se deixar conduzir pela experiência proposta por Mars e seus parceiros de banda. A própria faixa-título, posicionada logo na abertura do material, funciona como uma boa representação de tudo aquilo que o quarteto francês busca desenvolver até os minutos finais da obra.

Por falar na derradeira Identical, música originalmente lançada como parte da trilha sonora de On The Rocks (2020), último filme da diretora Sofia Coppola, esposa de Mars, vem dela um dos momentos mais interessantes de Alpha Zulu. São pouco mais de cinco minutos em que o grupo francês se concentra na sobreposição dos elementos. “Eu não sou profeta, sou seu amigo / Siga meu conselho, cometa seus erros“, atiça Mars em meio a batidas deliciosamente encaixadas e sintetizadores tratados como sirenes que vão de encontro ao mesmo território criativo explorado pelo quarteto em Wolfgang Amadeus Phoenix (2009).

Outra que parece apontar para a boa fase do grupo é a colaborativa Tonight. Completa pela participação do cantor e compositor nova-iorquino Ezra Koenig, líder do Vampire Weekend, a faixa funciona como uma viagem em direção ao passado, resgatando as mesmas guitarras timbrísticas e estruturas testadas em It’s Never Been Like That (2006). A mesma proposta criativa volta a se repetir em Artefact, música que destaca a poesia agridoce lançada por Mars. “Procuro um artefato / Um pedaço de mim que ainda está intacto / Sim, procuro um artefato / Que parte de mim ainda pode atrair você?“, questiona o compositor francês.

Esse fino toque de melancolia acaba se refletindo em outros momentos ao longo da obra. É o caso de Winter Solstice. Uma das primeiras composições do disco a serem apresentadas ao público, a faixa não apenas desacelera em relação ao restante do trabalho, como destaca a forte entrega emocional que ecoa em pontos estratégicos do registro. “Estou tentando ganhar a vida / Isso é algo que você não se importa / Bem / Você já pensou que poderia ter sido a nossa vida?“, canta. Mesmo quando a euforia toma conta do álbum, há sempre um incômodo componente de dissonância que bagunça a experiência do ouvinte.

Pena que nem todas essas oscilações e momentos de parcial ruptura são suficientes para distanciar a banda de um resultado bastante previsível. Da construção dos arranjos ao uso das vozes e estruturas, tudo gira em torno de um mesmo universo criativo, como uma extensão natural de tudo aquilo que o grupo francês tem produzido desde a estreia com United (2000). Entretanto, diferente de tantos outros projetos, sempre consumidos por uma proposta formulaica, prevalece em Alpha Zulu a sensação de uma obra marcada pelo leveza e capacidade do Phoenix em comunicar pela completa simplificação dos elementos.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.