Ano: 2024
Selo: Parlophone
Gênero: Pop Rock
Para quem gosta de: Nilüfer Yanya e Arlo Parks
Ouça: Never Need Me, All I Ever Asked e It Is What It Is
Ano: 2024
Selo: Parlophone
Gênero: Pop Rock
Para quem gosta de: Nilüfer Yanya e Arlo Parks
Ouça: Never Need Me, All I Ever Asked e It Is What It Is
Se um bom disco de estreia é aquele que demonstra toda a versatilidade de um artista em estúdio, então What A Devastating Turn of Events (2024, Parlophone) cumpre com louvor essa função. Primeiro trabalho de estúdio da cantora e compositora inglesa Rachel Chinouriri, o álbum não apenas destaca a capacidade da artista em transitar pelos mais variados estilos, como ainda vai além, consolidando a própria identidade.
Claramente influenciada pela obra de Lily Allen, Noisettes, V V Brown e outros nomes importantes da cena inglesa que surgiram no final dos anos 2000, Chinouriri encontra na relação entre o indie rock, o pop e o R&B o estímulo para grande parte das canções de What A Devastating Turn of Events. Em geral, são faixas que partem de uma abordagem específica, porém, mudam de direção no meio do caminho, proposta que naturalmente tinge com incerteza e fino toque de frescor cada uma das músicas que abastecem o trabalho.
Não por acaso, Chinouriri fez de Garden of Eden a canção escolhida para inaugurar o disco. Enquanto os versos refletem o forte aspecto existencial do trabalho (“Não importa o que aconteça, sua juventude vai acabar”), arranjos inicialmente contidos se convertem em uma massa densa e ruidosa, levando o registro para um novo território, conceito que se reflete até os momentos finais do material, na derradeira Pocket.
Embora parta dessa colorida combinação de estilos, Chinouriri em nenhum momento perde o controle da própria criação, mantendo firme a leveza do trabalho. Exemplo disso fica mais do que evidente em All I Ever Asked. Marcada pela riqueza dos arranjos e harmonias de vozes que continuam a ecoar na cabeça do ouvinte mesmo após o encerramento da faixa, a canção destaca a capacidade da artista em dialogar com uma parcela ainda maior do público sem necessariamente fazer disso o estímulo para uma obra simplista.
Em It Is What It Is, por exemplo, enquanto a base da canção vai ao encontro do mesmo pop rock melódico explorado por nomes como Foster The People, um misto de canto e rima rapidamente muda os rumos da composição. Já em Never Need Me, são versos entristecidos que contrastam com a fluidez das batidas, vozes e guitarras sempre radiantes, soando com uma música perdida do The Kooks no início da carreira.
Mesmo quando desacelera e tende à melancolia, como em My Blood e Robbed, sequência que faz lembrar de Coldplay, a artista mantém a atenção do ouvinte em alta. Não se trata de algo inovador ou minimamente revolucionário, afinal, grande parte do registro se sustenta no olhar atento de Chinouriri para a produção inglesa dos anos 2000. Entretanto, tudo é explorado com tamanha dedicação, refinamento e sensibilidade que resistir ao trabalho da cantora em What A Devastating Turn of Events é uma tarefa quase impossível.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.