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Crítica

Rincon Sapiência

: "Galanga Livre"

Ano: 2017

Selo: Boia Fria Produções

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Emicida, Rashid e Rael

Ouça: Crime Bárbaro e Ponta de Lança

9.0
9.0

Rincon Sapiência: “Galanga Livre”

Ano: 2017

Selo: Boia Fria Produções

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Emicida, Rashid e Rael

Ouça: Crime Bárbaro e Ponta de Lança

/ Por: Cleber Facchi 01/04/2020

Figura onipresente no rap nacional, Rincon Sapiência havia atravessado os anos 2000 em uma sequência de obras colaborativas. São encontros com nomes como Kamau e Rashid, ou mesmo artistas vindos de outros campos da música, caso da parceria com o grupo NX Zero, em Tarde Pra Desistir. Entretanto, foi com a entrega do aguardado Galanga Livre (2017), primeiro álbum em carreira solo, que o rapper paulistano de fato mostrou a que veio. Com direção musical e co-produção de William Magalhães (Banda Black Rio), o trabalho inspirado em um conto do próprio artista, encontra na história do escravo responsável pelo assassinato de um senhor de engenho o estímulo para grande parte das faixas. Canções que discutem mais de 100 anos de história brasileira, refletem o peso do racismo e a luta diária da população negra no país.

Capangas armados estão à procura / Escravos apóiam meu ato de loucura / Fugido eu tô correndo pela mata / Na pele eu levo a marca da tortura“, rima na introdutória Crime Bárbaro, composição que transita em meio à força das batidas e guitarras urgentes, como um indicativo da força criativa que orienta a experiência do ouvinte até a derradeira Ponta de Lança (Verso Livre). Canções marcadas pela força dos versos, como Meu Bloco e A Coisa Tá Preta, porém, pontuadas por momentos doce respiro, caso de A Noite É Nossa, Benção e Moça Namoradeira, essa última, concebida a partir de trechos da faixa de mesmo nome de Lia de Itamaracá. São ideias que se entrelaçam de forma intensa, sempre imprevisíveis, jogando com a experiência do ouvinte mesmo nos momentos de maior calmaria.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.