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Crítica

SBTRKT

: "The Rat Road"

Ano: 2023

Selo: Save Yourself

Gênero: R&B, Eletrônica

Para quem gosta de: Sampha e Lil Silva

Ouça: Days Go By, L.F.O. e Limitless

7.6
7.6

SBTRKT: “The Rat Road”

Ano: 2023

Selo: Save Yourself

Gênero: R&B, Eletrônica

Para quem gosta de: Sampha e Lil Silva

Ouça: Days Go By, L.F.O. e Limitless

/ Por: Cleber Facchi 19/05/2023

Primeiro trabalho de inéditas de SBTRKT em sete anos, The Rat Road (2023, Save Yourself) reforça a versatilidade de Aaron Jerome na mesma medida em que preserva uma série de elementos bastante característicos do produtor britânico. São canções que apontam para o mesmo R&B eletrônico que tem sido incorporado pelo artista desde o homônimo álbum de estreia, porém, partindo de uma abordagem parcialmente transformada, estrutura que vai do maior destaque dado aos instrumentos, passando pelo curioso tratamento dado às batidas e criativo diálogo de Jerome com uma série de novos colaboradores.

Quarta faixa do disco, a já conhecida Days Go By funciona como uma boa representação de tudo aquilo que Jerome busca desenvolver ao longo da obra. Completa pela participação de Toro Y Moi,a canção mostra a busca do produtor por uma sonoridade cada vez mais ensolarada, conceito anteriormente testado em Wonder Where We Land (2014), porém, melhor desenvolvido no presente disco. Um lento desvendar de informações que vai da psicodelia ao pop. A própria divisão da composição em dois atos contribui para esse resultado, ampliando os limites do álbum que assume diferentes formatações, ritmos e sonoridades.

Exemplo disso pode ser percebido na derradeira I See A Stair. Concebida em parceria com os suecos do Little Dragon, com quem Jerome tem colaborado desde o primeiro trabalho de estúdio, a faixa chama a atenção pelo inusitado flerte do artista com o jazz e uso instrumental das vozes de Yukimi Nagano, como uma parcial corrupção de tudo aquilo que SBTRKT havia testado em Wildfire. Outro que reaparece em nova formatação é Sampha, vide o tratamento dado ao R&B fragmentado de L.F.O., música que ainda abre passagem para a chegada de George Riley, um dos nomes mais interessantes e frescos da cena inglesa.

Vem justamente desse olhar atento de Jerome para novos talentos o estímulo para a algumas das principais faixas do álbum. Se em início de carreira SBTRKT foi responsável por apresentar nomes como Jessie Ware e Sampha, hoje o artista parece ter encontrado na conterrânea Leilah uma importante parceira criativa. Das 22 composições que recheiam o disco, quatro são com a cantora. É o caso de Forward, música que se revela aos poucos, detalhando camadas da sintetizadores e batidas sempre calculadas que se completam pela sutileza dos vocais, proposta que se repete ao longo do trabalho, como em No Intention e Limitless.

Embora rodeado por diferentes colaboradores, SBTRKT brilha solitário em diversos momentos do álbum. Em You, Love, por exemplo, o artista traz de volta a atmosfera do primeiro disco, destacando o uso das batidas em uma abordagem que aponta para o pós-dubstep. Outra que chama a atenção é You Broke My Heart But Imma Fix It, faixa que evidencia o experimentalismo do artista inglês, porém, preservando o caráter acessível da obra. Surgem ainda pequenos interlúdios concebidos a partir de fragmentos de vozes, ambientações sutis e efeitos, como uma tentativa de Jerome em garantir maior consistência ao material.

Melhor trabalho de SBTRKT desde o autointitulado registro de estreia, The Rat Road convence na maior parte do tempo, porém, peca pelos excessos. São músicas que, embora curtas, como Wasted e Coppa, estendem a duração do álbum para além do necessário. Já outras, como Demons, também assinada em parceria com Toro Y Moi, soa como uma versão menos interessante daquilo que a dupla havia testado em Days Go By. Uma sucessão de pequenos tropeços, principalmente na segunda metade do disco, que reduzem a fluidez e riqueza de detalhes que marca a porção inicial, mas nunca força da obra de Jerome.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.