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Crítica

Seu Jorge

: "Baile à la Baiana"

Ano: 2025

Selo: Cafuné / Black Service

Gênero: Funk

Para quem gosta de: Jorge Ben Jor e Tim Maia

Ouça: Sábado à Noite e Gente Boa Se Atrai

8.5
8.5

Seu Jorge: “Baile à la Baiana”

Ano: 2025

Selo: Cafuné / Black Service

Gênero: Funk

Para quem gosta de: Jorge Ben Jor e Tim Maia

Ouça: Sábado à Noite e Gente Boa Se Atrai

/ Por: Cleber Facchi 28/02/2025

Mesmo antes de se aventurar em carreira solo, quando ainda integrava o Farofa Carioca, Seu Jorge fez da mistura de estilos um componente fundamental para o próprio trabalho. Entretanto, mesmo habituado aos diferentes cruzamentos de gêneros e diálogos com os mais variados parceiros criativos, poucas vezes antes o artista de Belford Roxo pareceu tão liberto criativamente quanto no repertório de Baile à la Baiana (2025).

Primeiro álbum de inéditas do artista em carreira solo após um longo intervalo de dez anos, o sucessor de Músicas para Churrasco, Vol. 2 (2015) é uma verdadeira celebração à música brasileira e os encontros que ela proporciona. São canções que atravessam os bailes black do Rio de Janeiro para encontrar nos ritmos e no tempero baiano o estímulo para o melhor trabalho do cantor e compositor fluminense em duas décadas.

E ele não chega desacompanhado. Parte expressiva do sucesso em torno da execução de Baile à la Baiana vem da forte relação entre Seu Jorge e dois compositores baianos, Magary Lord e Peu Meurray. Depois de se conhecerem no Galpão Cheio de Assunto, um espaço cultural em Salvador liderado por Meurray, o trio passou colaborar criativamente, mergulhando no pulsante repertório de onze faixas que abastece o disco.

O resultado desse processo está na entrega de uma obra talvez desequilibrada, pendendo muito mais para o lado “baile” do que o “baiano”, mas que agrada de maneira incontestável. Do momento em que tem início, em Sete Prazeres, passando por verdadeiras preciosidades como Sábado à Noite e Gente Boa Se Atrai, Seu Jorge garante ao público uma sequência de composições que rapidamente convidam o ouvinte a dançar.

São ecos de Banda Black Rio, Banda Vitória Régia e a Banda do Zé Pretinho, mas que em nenhum momento ocultam a relação com o afropop baiano e outros estilos regionais. Surgem ainda faixas como Lasqueira, com seu passeio pela música latina, levando o trabalho para outras direções. Independente do caminho percorrido, o importante aqui é a fluidez dos ritmos e a sensação de liberdade conquistada por Seu Jorge.

Não por acaso, quando desacelera, o artista garante ao público algumas das canções menos interessantes do disco, como a deslocada Mudou Tudo. Entretanto, tudo é tão bem construído em Baile à la Baiana que o álbum logo volta aos eixos e arrasta o ouvinte para as pistas. Mais do que uma celebração à música negra brasileira, Seu Jorge garante ao público um trabalho em que é possível sentir cada um desses elementos, diferentes ritmos e encontros com o corpo inteiro. Um registro em que é possível tudo, menos ficar parado.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.