Ano: 2025
Selo: Jagjaguwar
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Angel Olsen e Perfume Genius
Ouça: Afterlife, Somethin’ Ain’t Right e I Want You Here
Ano: 2025
Selo: Jagjaguwar
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Angel Olsen e Perfume Genius
Ouça: Afterlife, Somethin’ Ain’t Right e I Want You Here
Se existe uma coisa que Sharon Van Etten há muito demonstrou ser capaz de fazer são boas composições em colaboração com diferentes artistas. Do breve encontro com a cantora Angel Olsen, em Like I Used To, ao flerte com a eletrônica em Omnion, parceria com o Hercules and Love Affair, sobram momentos em que a norte-americana estabeleceu na força do coletivo o estímulo para um repertório ainda mais interessante, direcionamento reforçado em estúdio no primeiro álbum de inéditas com a banda The Attachment Theory.
Acompanhada pelo baterista Jorge Balbi, a baixista Devra Hoff e o tecladista Teeny Lieberson, Van Etten diz a que veio logo na introdutória Live Forever. Enquanto os versos discutem envelhecimento, imortalidade e diferentes questões existenciais, camadas de sintetizadores avançam aos poucos, ambientando o ouvinte ao trabalho que logo tende ao épico. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda melhor em Afterlife, faixa que destaca a força do grupo em estúdio e ainda flerta com a produção dos anos 1980.
Esse mesmo olhar para o passado fica ainda mais evidente em Idiot Box, música que evoca o New Order em seus anos iniciais, porém, estabelece nos versos que tratam sobre o vício em celulares e redes sociais um diálogo com o presente. São canções essencialmente marcadas por questões políticas, mesmo quando se aprofundam nas relações humanas e emocionais. Prova disso é o que acontece em Trouble, composição que trata sobre a difícil tarefa de manter o relacionamento de um casal com crenças e ideologias opostas.
Entretanto, para além das questões temáticas incorporadas ao longo do trabalho, são os percursos pouco usuais que musicalmente levam o repertório de Van Etten para direções antes inexploradas. Em Indio, por exemplo, são guitarras e batidas aceleradas que parecem saídas de algum disco de indie rock do começo dos anos 2000. Nada que I Can’t Imagine (Why You Feel This Way), vinda logo em sequência, não dê conta de perverter, solucionando no uso dos sintetizadores um diálogo com a obra do Siouxie and the Banshees.
Com a chegada de Somethin’ Ain’t Right, sétima faixa do disco, Van Etten vai ainda mais longe. Regida em essência pela bateria de Baldi e os sintetizadores psicodélicos de Lieberson, a faixa marcada pelo lirismo questionador mergulha na década de 1970 para beber do mesmo krautrock de artistas como Neu! e Can. É como uma fuga completa de tudo aquilo que a cantora havia testado anteriormente, proposta que concede novo fôlego ao material e ainda prepara o terreno para a grandiosa Southern Life (What It Must Be Like).
Passado esse momento de maior libertação criativa, Fading Beauty se revela de forma menos impactante e até mesmo arrastada, porém, consistente com o restante da obra. São ambientações e vozes atmosféricas, como um longo interlúdio para a derradeira I Want You Here. Embora contida em seus minutos iniciais, a faixa aos poucos se transforma e cresce, destacando a profundidade dos arranjos e uso das vozes quase operísticas de Van Etten que pontuam o trabalho com a mesma excelência e refinamento que o inauguram.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.