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Crítica

Sheer Mag

: "Playing Favorites"

Ano: 2024

Selo: Third Man Records

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Amyl and the Sniffers e Ty Segall

Ouça: Playing Favorites e Moonstruck

7.3
7.3

Sheer Mag: “Playing Favorites”

Ano: 2024

Selo: Third Man Records

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Amyl and the Sniffers e Ty Segall

Ouça: Playing Favorites e Moonstruck

/ Por: Cleber Facchi 11/04/2024

O Sheer Mag não é o tipo de banda que você espera por um trabalho potencialmente inovador ou mesmo grandes rupturas criativas, mas apenas que eles se divirtam em estúdio. E como eles fazem isso bem em Playing Favorites (2024, Third Man Records). Mais recente álbum de inéditas do grupo formado por Tina Halladay, Kyle Seely, Matt Palmer e Hart Seely, o registro de onze faixas concentra o que há de melhor no tipo de som que tem sido explorado de forma sempre entusiasmada pelo quarteto nos últimos dez anos.

Com a própria faixa-título como composição de abertura, o grupo rapidamente ambienta o ouvinte que é conduzido em direção ao passado. São guitarras enérgicas e vozes ásperas que resgatam a essência do rock produzido na década de 1970, vide a forte similaridade com as criações de veteranos como Kiss e AC/DC, porém, partindo de uma abordagem própria do quarteto. Um misto de nostalgia e fino toque de renovação que acaba se refletindo até os minutos finais do trabalho, na empoeirada When You Get Back.

A diferença em relação a outros tantos artistas que buscam inspiração no mesmo universo criativo, vide grandes figurões da indústria como Greta Van Fleet, está na forma como o grupo da Filadélfia consegue recriar a mesma atmosfera de obras apresentadas há cinco ou mais décadas. Da captação suja das vozes de Halladay, como se resgatadas de algum disco perdido, passando pela escolha dos timbres e temáticas abordadas dentro de cada canção, tudo parece pensado para estimular a fantasia nostálgica do ouvinte.

Claro que para quem há tempos acompanha o trabalho da banda, vide obras como Need to Feel Your Love (2017) e A Distant Call (2019), isso está longe de parecer uma novidade. Como indicado logo nos minutos iniciais do trabalho, tudo gira em torno de um mesmo universo criativo. Canções de dois a três minutos que parecem pensadas para tocar em um ambiente cinematográfico à beira da estrada, como o emular de uma nostalgia não vivenciada nem mesmo pelos próprios membros do Sheer Mag, todos na faixa dos 30 anos.

Ainda assim, difícil não ceder aos encantos da banda. Parte desse resultado vai além de questões estéticas e da capacidade do grupo em resgatar a atmosfera de grandes exemplares do gênero, mas em se conectar com o ouvinte por meio das emoções de Halladay. “Saí de sua casa ontem à noite, debaixo de uma chuva torrencial / Mas quando cheguei em casa o silêncio era mais alto que a tempestade“, canta em Moonstruck, música que sintetiza parte da vulnerabilidade e entrega que sutilmente embala a construção dos versos.

Vem justamente desses momentos de maior fragilidade emocional a passagem para algumas das canções que mais distanciam o quarteto da própria zona de conforto. É o caso de Mechanical Garden, composição que avança em direção aos anos 1980 e evoca o Fleetwood Mac da fase Tango in the Night (1987) enquanto destaca a sensibilidade poética de Halladay. Pequenas fagulhas criativas que ampliam o campo de atuação da banda, porém, preservando a sonoridade empoeirada que há tempos embala as criações do Sheer Mag.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.