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Crítica

Squid

: "O Monolith"

Ano: 2023

Selo: Warp

Gênero: Art Rock, Pós-Rock

Para quem gosta de: Black Midi e Model/Actriz

Ouça: Undergrowth e The Blades

8.0
8.0

Squid: “O Monolith”

Ano: 2023

Selo: Warp

Gênero: Art Rock, Pós-Rock

Para quem gosta de: Black Midi e Model/Actriz

Ouça: Undergrowth e The Blades

/ Por: Cleber Facchi 27/06/2023

Segundo álbum de estúdio do Squid, O Monolith (2023, Warp) segue uma proposta bem diferente do registro que o antecede. Sequência ao material entregue em Bright Green Field (2021), o trabalho rompe com a abordagem homogênea do material entregue há dois anos para destacar o caráter exploratório do grupo formado por Ollie Judge, Louis Borlase, Arthur Leadbetter, Laurie Nankivell e Anton Pearson. São oito composições que vão de um canto a outro de forma expandir os horizontes da banda, estrutura que preserva parte da essência do disco anterior, mas que a todo momento tensiona a experiência do ouvinte.

Canção de abertura do disco, a já conhecida Swing (In A Dream) representa de forma bastante eficiente esse resultado. Inaugurada em meio a camadas de sintetizadores e ambientações sutis, a música aos poucos ganha forma e transporta o ouvinte para um novo território criativo. Das guitarras que flertem com o math rock, passando pela bateria que encolhe e cresce a todo instante, incontáveis são os caminhos percorridos pelo quinteto no decorrer da composição. Pouco mais de quatro minutos em que o grupo brinca com as possibilidades dentro de estúdio e ainda abre passagem para a faixa seguinte, Devil’s Den.

Também contida nos momentos iniciais, a faixa explode minutos à frente, porém, segue uma abordagem completamente distinta em relação ao material apresentado em Swing (In A Dream). São guitarras labirínticas que não apenas causam um nó na cabeça do ouvinte, como potencializam tudo aquilo que o grupo havia testado no trabalho anterior. Um turbilhão instrumental que ainda desemboca em uma das principais canções do disco, Siphon Song, música que parte de um vocal robótico para mergulhar em uma delirante sobreposição de elementos reforçando o experimentalismo que orienta o repertório da banda.

Nada que prepare o ouvinte para a música seguinte, Undergrowth. Entre ecos de Red Hot Chili Peppers e Foals, a faixa não apenas destaca a riqueza rítmica de O Monolith, como valoriza cada instrumento em pontos específicos da canção, bem como a letra que soa como um convite. “Você se preocupa com o que vem a seguir? / Essa nova obliquidade com a qual lidaremos / Apenas me abra e veja o que tem dentro“, canta Judge, vocalista da banda. Um minucioso processo de criação que ainda resulta na posterior The Blades, composição que rompe com qualquer traço de serenidade, reforçando a potência do quinteto.

Passado esse momento de vívida euforia, After the Flash desacelera em um claro regresso aos minutos iniciais do disco. Mesmo que parte dos elementos tenham sido apresentado previamente pela banda, o uso complementar das vozes de Martha Skye Murphy e a densa sobreposição das guitarras parecem hipnotizar o ouvinte, soando como uma criação acinzentada do Sigur Rós. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais intensa em Green Light, música que faz lembrar do som catártico produzido pelo Fugazi, porém, preservando a identidade do Squid, vide a fina tapeçaria instrumental da composição.

Escolhida como música de encerramento do trabalho, If You Had Seen the Bull’s Swimming Attempts You Would Have Stayed Away traz de volta uma série de elementos testados ao longo da obra. São arranjos de metais, vozes sobrepostas e guitarras sempre ruidosas que parecem jogar com as possibilidades dentro de estúdio. Instantes em que o grupo, sempre em companhia do produtor Dan Carey, vai de encontro às criações espiraladas que marcam os últimos lançamentos do Swans, transita com versatilidade por diferentes estilos e ainda prepara o terreno para o que quer que seja apresentado pelos próximos anos.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.