Ano: 2025
Selo: Jambox
Gênero: Rap
Para quem gosta de: Rodrigo Ogi e Tássia Reis
Ouça: Desconforto, Maat e Por Um Fio
Ano: 2025
Selo: Jambox
Gênero: Rap
Para quem gosta de: Rodrigo Ogi e Tássia Reis
Ouça: Desconforto, Maat e Por Um Fio
Bunmi (2025, Jambox) pode até ser o primeiro álbum de estúdio de Stefanie, mas isso não quer dizer que ela seja uma iniciante. Com mais de duas décadas de carreira, a rapper original de Santo André, na região metropolitana de São Paulo,acumula um vasto repertório de criações autorais, colaborações com nomes importantes do cenário brasileiro e até mesmo outros projetos, caso do bem-sucedido Rimas & Melodias.
Entretanto, é quando avançamos pelas canções do presente disco que a artista realmente diz a que veio. Com produção caprichada de Daniel Ganjaman e Grou, o registro de dez faixas é tanto uma consolidação de tudo aquilo que Stefanie conquistou até aqui, como um claro exercício de reapresentação. Da escolha dos temas à construção das rimas, poucas vezes antes a rapper pareceu tão consciente da própria obra.
Exemplo disso fica mais do que evidente no que talvez seja a principal canção do disco, Desconforto. São pouco mais de três minutos em que a rapper equilibra versos autobiográficos, reflexões sobre o racismo estrutural e as conquistas do povo preto com fluidez e impacto. “O problema não é ser confundida como atendente/ É que vocês não querem ver uma Shirley pra presidente”, dispara em meio a batidas rápidas.
Mesmo quando desacelera momentaneamente, como em Nada Pessoal e Plenitude, Stefanie mantém firme a potência das rimas. É como se cada nova faixa abrisse passagem para um universo particular da rapper paulista. Canções que tratam de questões familiares, conflitos pessoais e problemas relacionados à saúde mental com uma sensibilidade notável, como um diálogo confessional entre a artista e o próprio ouvinte.
E, se desacompanhada, Stefanie revela toda sua capacidade, quando une forças com diferentes artistas, a rapper vai ainda mais longe. Em Maat, são nomes como Emicida, Rashid, Rincon Sapiência e Kamau que contribuem para a elaboração das rimas. Já em Outra Realidade, um contraponto feminino nos versos que se abrem para Cris SNJ, Iza Sabino e Nega Gizza. Surgem ainda parceiros como Mahmundi, Jonathan Ferr e Rodrigo Ogi, colaborador na alucinada Por Um Fio, com seu ritmo frenético e versos sempre descritivos.
Claro que nem todos esses encontros são benéficos para Stefanie, como em Puro Love, composição em que a rapper é engolida por Luedji Luna quando arrisca cantar. Ainda assim, prevalece em Bunmi o capricho e controle criativo da própria realizadora. Com um título que, em iorubá, significa “meu presente”, o trabalho funciona como um cartão de visitas definitivo para uma artista que, há muito tempo, esbanja maturidade.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.