Image
Crítica

Still House Plants

: "If I Don’t Make It, I Love U"

Ano: 2024

Selo: Bison Records

Gênero: Art Rock, Indie Rock

Para quem gosta de: Horse Lords e Battles

Ouça: M M M, More Boy e More More Faster

8.2
8.2

Still House Plants: “If I Don’t Make It, I Love U”

Ano: 2024

Selo: Bison Records

Gênero: Art Rock, Indie Rock

Para quem gosta de: Horse Lords e Battles

Ouça: M M M, More Boy e More More Faster

/ Por: Cleber Facchi 15/05/2024

Não vou mentir para vocês: ouvir as composições de If I Don’t Make It, I Love U (2024, Bison) está longe de ser encarado como uma experiência agradável. Baterias com tempos estranhos, guitarras irregulares e vozes sempre dissonantes criam uma sensação de desconforto que acompanha o ouvinte do princípio ao fim do mais recente trabalho de estúdio do Still House Plants. São canções que mais parecem ideias em formação, por vezes esqueléticas, porém, vivas, evidenciando o incomum processo de criação da banda.

E isso tem um motivo. Desde que formado, no início da década passada, na Escola de Artes de Glasgow, na Escócia, o trio londrino composto por Jess Hickie-Kallenbach (voz), Finlay Clark (guitarra) e David Kennedy (bateria) tem incorporado um método de criação pouco usual. Composições com aberturas e fechamentos estruturados, mas que reservam ao público um miolo de improvisos e experimentações que transportam para dentro de estúdio uma atmosfera ao vivo. Um espaço conceitual em que tudo e nada pode acontecer.

É como se cada integrante da banda partisse de um ponto em comum, trilhasse diferentes percursos ao longo desse processo e, por fim, se encontrasse em um espaço que quase sempre leva à catarse. Faixa de encerramento do trabalho, More More Faster funciona como uma preciosa representação desse resultado. Perceba como cada elemento ocupa seu espaço. Primeiro a guitarra. Depois a bateria. Em seguida, a voz atormentada. Pouco mais de seis minutos em que o grupo parece jogar com as possibilidades em estúdio.

Claro que nesse espaço orientado por regras próprias, nem todas as canções partilham de um mesmo direcionamento criativo. Em M M M, por exemplo, as guitarras de Clark estão presentes durante todo o tempo, funcionando como um pano de fundo instrumental para a bateria fluida de Kennedy e o misto de canto e rima de Hickie-Kallenbach. Já outras, como No Sleep Deep Risk, utilizam de uma abordagem quase contida, como um necessário ponto de respiro em um material que acaba trilhando diferentes percursos.

Entretanto, é quando perverte qualquer traço de conforto que a banda realmente diz a que veio. Perfeita representação desse resultado pode ser percebida em More Boy. Se nos instantes iniciais a faixa avança em direção ao pós-hardcore dos anos 1990, soando como um encontro entre Fugazi e Slint, minutos à frente, a voz de Hickie-Kallenbach se transforma no elemento central da composição, deixando de lado o aparente reducionismo que evoca as canções de Tirzah para invadir o mesmo território jazzístico de Fiona Apple.

Um ziguezaguear de ideias que vai da calmaria ao caos em um intervalo de poucos segundos, como uma extensão natural daquilo que a banda havia testado nos antecessores Long Play (2018) e Fast Edit (2020). Claro que nem sempre essas mudanças bruscas de percurso levam a algum lugar, vide canções como Headlight e Sticky, que vagam de maneira incerta, sem necessariamente alcançar um ponto de ruptura. Composições ainda em formação, indicando que o trabalho do Still House Plants está apenas começando.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.