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Crítica

Teenage Fanclub

: "Nothing Lasts Forever"

Ano: 2023

Selo: Merge

Gênero: Indie Pop, Power Pop

Para quem gosta de: Ride e The Lemonheads

Ouça: I Left a Light On e Back to the Light

7.6
7.6

Teenage Fanclub: “Nothing Lasts Forever”

Ano: 2023

Selo: Merge

Gênero: Indie Pop, Power Pop

Para quem gosta de: Ride e The Lemonheads

Ouça: I Left a Light On e Back to the Light

/ Por: Cleber Facchi 04/01/2024

Do ponto de vista emocional, os últimos anos foram bastante complicados para os integrantes do grupo escocês Teenage Fanclub. Além de lidar com o período pandêmico, Norman Blake, principal compositor da banda junto de Raymond McGinley, precisou se adaptar à nova vida após o término de um casamento que durou 24 anos. Toda essa turbulência sentimental resultou no material entregue em Endless Arcade (2021), trabalho que vinha sendo desenvolvido antes mesmo da pandemia de Covid-19, mas que alcança melhor resultado nas composições que integram o repertório de Nothing Lasts Forever (2023, Merge).

Mais recente trabalho de estúdio do quinteto que ainda conta com os músicos Francis MacDonald, Dave McGowan e Euros Childs, Nothing Lasts Forever é uma obra de sentimentos e percepções contrastantes. Enquanto a base instrumental do disco continua a incorporar o que há de mais radiante no som produzido nos anos 1960 e 1970, em se tratando dos versos, as angústias vividas por cada colaborador orientam de forma bastante sensível a direção seguida pelo grupo. São momentos de maior vulnerabilidade, letras consumidas pelas emoções e instantes de doce melancolia que se comunicam diretamente com o ouvinte.

A diferença em relação a outros trabalhos do gênero, incluindo o próprio Endless Arcade, está na forma como o Teenage Fanclub parece movido pela necessidade em dar continuidade à vida, rompendo com todo e qualquer traço de um possível romantismo entristecido. “É hora de seguir em frente / E deixar o passado para trás / Meu coração era como uma pedra / Mas agora está batendo forte“, canta Blake logo nos minutos iniciais da obra, em Foreign Land. É como um indicativo claro de tudo aquilo que a banda busca desenvolver ao longo do material, conceito que se reflete até a chegada da derradeira I Will Love You.

Entretanto, antes de alcançar a composição de encerramento, a jornada emocional, lírica e instrumental proposta pelo grupo em Nothing Lasts Forever assume diferentes formatações. Em I Left A Light On, por exemplo, são harmonias de vozes e bases de piano que vão de encontro ao mesmo território criativo de nomes como The Beatles. Já Back To The Light, próxima ao fechamento do disco, posiciona as guitarras em primeiro plano, porém, preservando o refinamento melódico que fez da banda uma das mais cultuadas da década de 1990, vide o material entregue em obras como Bandwagonesque (1991) e Grand Prix (1995).

É como um permanente cruzamento de informações, proposta que invariavelmente resulta em pequenas repetições estruturais e caminhos há muito trilhados pelo grupo escocês, mas que em nenhum momento deixam de encantar o ouvinte. Segunda composição do disco, Tired Of Being Alone funciona como uma boa representação desse resultado. Enquanto a base instrumental naturalmente aponta para o passado, como um regresso aos primeiros álbuns, versos orientados pelo amor refletem o período recente da banda. “Os caminhos ficam cobertos de vegetação / Quando você está cansado de ficar sozinho“, canta McGinley.

Dessa forma, Nothing Lasts Forever se revela ao público como uma registro próximo e ao mesmo tempo distante de tudo aquilo que o grupo havia testado nos últimos anos. Canções dotadas de um inevitável senso de familiaridade, mas que estabelecem no frescor dos versos um necessário senso de renovação. A própria inserção dos arranjos de cordas e instrumentos de sopro em momentos estratégicos do trabalho parece contribuir ainda mais para esse resultado, ampliando o campo de atuação da banda escocesa sem necessariamente ocultar uma série de elementos bastante característicos do som do Teenage Fanclub.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.