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Crítica

Tennis

: "Pollen"

Ano: 2023

Selo: Mutually Detrimental

Gênero: Indie Pop

Para quem gosta de: TOPS e Best Coast

Ouça: Let’s Make a Mistake Tonight e Forbidden Doors

7.0
7.0

Tennis: “Pollen”

Ano: 2023

Selo: Mutually Detrimental

Gênero: Indie Pop

Para quem gosta de: TOPS e Best Coast

Ouça: Let’s Make a Mistake Tonight e Forbidden Doors

/ Por: Cleber Facchi 28/02/2023

Quem já escutou um disco do Tennis, banda formada pelo casal Patrick Riley e Alaina Moore, ouviu todos. Enquanto os versos se aprofundam nas relações humanas e experiências compartilhadas pela dupla, arranjos empoeirados e melodias nostálgicas conduzem o ouvinte em direção ao passado. Entretanto, se em início de carreira o projeto parecia mergulhar no pop litorâneo da década 1960, direcionamento incorporado ao introdutório Cape Dory (2011), com os trabalhos seguintes, Riley e Moore aportaram em novos territórios, avançando criativamente e flertando com o som explorado nos anos 1970 e 1980.

Sexto e mais recente trabalho de estúdio da banda, Pollen (2023, Mutually Detrimental) nasce como uma combinação de todos esses elementos. Com um pé na areia molhada da praia e outro na pista de dança, o registro de dez faixas concentra o que há de melhor e mais característico no som produzido pelo casal. São canção que parecem dançar pelo tempo, sempre despretensiosas, porém, sensíveis, efeito do lirismo confessional que parte das inquietações e narrativas detalhadas por Moore, mas que se completam pela fina tapeçaria instrumental e cuidadoso processo de composição adotado por Riley ao longo dos anos.

Com Forbidden Doors como composição de abertura, a dupla apresenta parte dos elementos que serão explorados ao longo da obra. São camadas de sintetizadores, guitarras ocasionais e a percussão sempre detalhista, elemento que se destaca em relação aos trabalhos anteriores. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais consistente na música seguinte, Glorietta, canção que evoca nomes como Fleetwood Mac, porém, preservando a identidade dos dois artistas. Um precioso exercício criativo que ainda chama a atenção pelo uso ruidoso dos arranjos, como uma parcial fuga do restante do álbum.

Minutos à frente, na sequência formada pelas já conhecidas Let’s Make a Mistake Tonight e One Night With The Valet, um natural regresso ao pop nostálgico do Tennis. Do uso dos sintetizadores, passando pelo enquadramento dançante dado às batidas, tudo soa como uma extensão do material entregue nos últimos trabalhos de estúdio da banda, caso de Yours Conditionally (2017) e Swimmer (2020). A própria Pollen Song, mesmo partindo de uma base acústica, aos poucos resgata uma série de elementos bastante característicos da dupla, estrutura que reforça o direcionamento homogêneo incorporado pelo casal.

Em Hotel Violet, vinda logo em sequência, a dupla continua a apontar para o passado, porém, partindo de uma abordagem diferente. Entre sintetizadores e batidas lentas, tudo parece pensado para valorizar as vozes e sentimentos expressos por Moore. “Eu estive flutuando / Nas nuvens / Só você pode / Trazer meu corpo de volta“, canta. A mesma sutileza no processo de construção dos versos acaba se refletindo na canção seguinte, Paper, música que soa como uma versão atualizada dos primeiros registros da banda e ainda abre passagem para o pop psicodélico de Gibraltar, canção que evoca Unknown Mortal Orchestra.

Passado esse momento de maior introspecção, Never Been Wrong transporta o som produzido pela banda para um novo cenário. São guitarras soturnas e ruidosas, flertando com o rock dos anos 1990, mas que aos poucos são invadidas pelo som enevoado da dupla. Uma sutil mudança de perspectiva, como um respiro breve que antecede o retorno em Pillow for a Cloud, composição que concentra todos os elementos que apresentaram o trabalho do Tennis há mais de uma década, esbarra em pequenas repetições, porém, sustenta na força dos sentimentos expressos por Moore um fechamento mais que ideal para o registro.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.