Image
Crítica

The 1975

: "Being Funny in a Foreign Language"

Ano: 2022

Selo: Dirty Hit

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Phoenix, Bleachers e MUNA

Ouça: Happiness, About You e I’m In Love With You

7.7
7.7

The 1975: “Being Funny in a Foreign Language”

Ano: 2022

Selo: Dirty Hit

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Phoenix, Bleachers e MUNA

Ouça: Happiness, About You e I’m In Love With You

/ Por: Cleber Facchi 19/10/2022

Com a expectativa de uma nova turnê totalmente frustrada com o avanço da pandemia de Covid-19, os integrantes do grupo britânico The 1975 decidiram entrar em estúdio poucos meses após o lançamento de Notes on a Conditional Form (2020). Entretanto, diferente do material entregue no quarto registro de inéditas da carreira, em que Matthew Healy e seus parceiros decidiram provar de novas possibilidades e flertar com a produção eletrônica, o quarteto, completo por George Daniel, Ross MacDonald e Adam Hann, se concentrou na formação de um repertório enxuto e guiado em essência pela força dos sentimentos.

Vem justamente desse delicado processo de criação o estímulo para as composições de Being Funny in a Foreign Language (2022, Dirty Hit). Equilibrado quando próximo do material entregue no disco anterior, o registro traz de volta o mesmo pop rock descompromissado que vem sendo aprimorado pelo grupo desde o amadurecimento criativo no ótimo I Like It When You Sleep, for You Are So Beautiful Yet So Unaware of It (2016). São canções que parecem apontar para o som dos anos 1980 e 1990, porém, de forma atualizada, direcionamento que destaca o uso dos instrumentos de forma orgânica e versos sempre íntimos do ouvinte.

Sexta faixa do disco e uma das primeiras composições a serem apresentadas ao público pela banda, I’m In Love With You representa de forma bastante característica tudo aquilo que o grupo busca desenvolver ao longo do trabalho. Enquanto os versos destacam o romantismo jovial de Healy (“Eu sinto que posso soltar meus lábios / Eu posso resumir para você / É simples e é assim / Eu estou apaixonado por você“), guitarras consumidas pela nostalgia, coros de vozes e a bateria sempre calculada se projetam de forma sempre acessível, pop. A própria base de sintetizadores e percussão cristalina, lembrando o Fleetwood Mac em Everywhere, parece pensada de forma a capturar a atenção do ouvinte logo em uma primeira audição.

Parte desse direcionamento criativo dado ao disco vem da forte relação construída entre Healy e o coprodutor do trabalho, o sempre requisitado Jack Antonoff. Convidado a assumir a vaga inicialmente pensada para BJ Burton (Charli XCX, Bon Iver), Antonoff, que já colaborou com nomes como Lorde e Florence + The Machine, auxilia o grupo na construção de um repertório essencialmente conciso e direto ao ponto. São canções que se revelam ao público por completo logo nos minutos iniciais, conceito reforçado na já conhecida Happiness, composição que vai de encontro ao mesmo território criativo do último álbum do músico estadunidense com o Bleachers, Take The Sadness Out Of Saturday Night (2021).

Entretanto, diferente de outras obras recentes produzidas por Antonoff, em que se percebe o uso de pequenos padrões rítmicos e instrumentais, prevalece em Being Funny in a Foreign Language o domínio criativo de Healy e seus parceiros. O resultado desse processo está na construção de faixas sempre descomplicadas, porém, pontuadas por momentos de maior experimentação. Exemplo disso acontece em About You, música que parte de uma base ruidosa criada por Warren Ellis (Nick Cave & The Bad Seeds), cresce nas vozes contrastantes da convidada Carly Holt e ainda transporta o disco para um novo território.

O próprio processo de construção dos versos destaca o controle criativo e força do quarteto britânico durante toda a execução do material. São canções que partem de conceitos há muito exploradas pelo grupo, vide os temas existenciais e romantismo agridoce que aponta para o material apresentado em A Brief Inquiry Into Online Relationships (2018), porém, partindo de uma simplificação dos elementos. Frações poéticas que potencializam a mensagem central, estreitam relações com o ouvinte e destacam a capacidade da banda em dialogar com o pop sem necessariamente tropeçar no que há de mais previsível.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.