Ano: 2024
Selo: Relapse
Gênero: Eletrônica, Dub, Industrial
Para quem gosta de: Kode9 e Zomby
Ouça: Buried (Your Life Is Short) e Sickness (Slowly Dying)
Ano: 2024
Selo: Relapse
Gênero: Eletrônica, Dub, Industrial
Para quem gosta de: Kode9 e Zomby
Ouça: Buried (Your Life Is Short) e Sickness (Slowly Dying)
Uma das principais características do trabalho de Kevin Martin como The Bug sempre foi o forte aspecto colaborativo do produtor inglês. Seja em registros assinados com outros artistas, como Concrete Desert (2017), em parceria com Earth, ou mesmo obras marcadas pelas vozes de diferentes convidados, caso do cultuado London Zoo (2008), em que recebe nomes como Flowdan, Warrior Queen e Tippa Irie, sobram momentos em que o britânico amplia imensamente os próprios horizontes a partir desse criativo diálogo.
Interessante perceber em Machine (2024, Relapse), primeiro registro totalmente instrumental de Martin, um trabalho que se distancia de possíveis colaboradores, porém, mantendo firme o caráter inventivo do produtor. Primeiro grande lançamento de Martin em três anos, o sucessor do pós-apocalíptico Fire (2021) segue exatamente de onde o artista parou no álbum anterior. São composições marcadas pela atmosfera densa e uso destacado das batidas que parecem pensadas para soterrar o ouvinte ao longo do material.
Não por acaso, o produtor fez da sequência formada por Buried (Your life is short) e Bodied (Send for the Hearse) a combinação escolhida para anunciar a chegada do disco, em agosto deste ano. São pouco mais de nove minutos em que o ouvinte é convidado a se aventurar um território hostil em que reverberações sujas, camadas de sintetizadores e ruídos se entrelaçam de forma quase opressiva. É como uma completa fuga dos momentos mais acessíveis da extensa obra de The Bug, vide álbuns como Angels & Devils (2014).
Em um esforço talvez involuntário de suprir as vozes que sempre abasteceram seus antigos trabalhos como The Bug, Martin parece acrescentar uma dose extra de novos elementos, fazendo com que cada canção se erga como um bloco quase intransponível. A própria música de abertura do disco, Annihilated (Force Of Gravity), funciona como uma boa representação desse resultado. Instantes em que o produtor abandona o dub para mergulhar de cabeça na música industrial, tingindo tudo com uma camada de ruídos cinzentos.
Embora instigante, esse novo direcionamento adotado pelo produtor nunca ultrapassa o que parece ser um limite estabelecido logo nos minutos iniciais do material. São canções marcadas pela fluidez dos elementos, como na dinâmica Vertical (Never See You Again), mas que parecem trabalhadas na iminência de uma voz ou aguardada mudança de percurso que nunca se concretiza. São raras as composições que conseguem de fato transmitir uma sensação de completude, como a enérgica Inhuman (Let Machines Do The Talking).
Ainda assim, fascinante é perceber o esforço de Martin em trilhar novos caminhos, mesmo responsável por uma abordagem criativa tão característica. As rimas e inserções vocais que sempre complementaram as criações do artista como The Bug talvez não estejam presentes, mas o capricho e atenção do britânico aos detalhes permanece a mesma. São incontáveis camadas instrumentais, texturas e ambientações sintéticas que evidenciam o comprometimento do produtor em cada mínimo fragmento do repertório de Machine.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.