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Ano: 2025

Selo: Fat Possum

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Cassandra Jenkins e Fiona Apple

Ouça: Neon Signs, Body Moves e Mirror

8.0
8.0

The Weather Station: “Humanhood”

Ano: 2025

Selo: Fat Possum

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Cassandra Jenkins e Fiona Apple

Ouça: Neon Signs, Body Moves e Mirror

/ Por: Cleber Facchi 06/02/2025

Tamara Lindeman é uma artista que não costuma economizar nos detalhes. E isso fica bastante evidente quando mergulhamos nas canções de Humanhood (2025, Fat Possum). Sétimo e mais recente trabalho de estúdio da cantora e compositora canadense sob a alcunha de The Weather Station, o sucessor de How Is It That I Should Look at the Stars (2022) não apenas segue de onde a artista parou há três anos, como ainda potencializa criativamente tudo aquilo que tem sido explorado pela musicista desde os primeiros registros.

Mais uma vez acompanhada pelo produtor e parceiro de longa data, o multi-instrumentista Marcus Paquin, Lindeman faz de cada composição um objeto precioso. Assim como havia testado em Ignorance (2021), a cantora alcança um ponto de equilíbrio entre o requinte dado aos arranjos e o andamento rítmico aplicado em estúdio. O resultado desse processo está na entrega de um repertório que encanta pelos detalhes, mas em nenhum momento deixa de dialogar com o ouvinte, efeito direto do frescor pop que orienta o material.

Não por acaso, Lindeman fez de Neon Signs a composição escolhida para inaugurar o trabalho. Enquanto os versos destacam a sensação de deslocamento vivida pela personagem central (“Cada letreiro de neon, cada luz piscante tenta te enganar / Te colocar do lado deles / Todo mundo jura que precisa de você”), o uso destacado dos pianos e guitarras atmosféricas cria um delicado pano de fundo instrumental, estrutura que se completa pela fluidez das baterias assinadas em conjunto por Kieran Adams e Philippe Melanson.

Dessa forma, Lindeman garante ao público um trabalho capaz de seduzir o ouvinte logo em uma primeira audição, mas que encanta pela complexidade dos elementos e cresce a cada nova execução. Exemplo disso é que acontece na atmosférica Mirror. São incontáveis camadas instrumentais que surgem e desaparecem durante toda a execução da faixa. Instantes em que a musicista canadense vai ao encontro de nomes como Fiona Apple e Sade, porém, preservando de maneira sempre inquestionável a própria identidade criativa.

O mais interessante talvez seja perceber que, mesmo marcado pelo refinamento na execução dos arranjos, batidas e vozes, Humanhood nunca tende ao óbvio ou deixa de arriscar. A própria faixa-título do trabalho funciona como uma boa representação desse resultado. Pouco mais de quatro minutos em que Lindeman e seus parceiros parecem jogar com as possibilidades em estúdio, lembrando os improvisos de Brian Eno e David Byrne. São experimentações sutis, como em Aurora e Passage, que invariavelmente tendem ao jazz.

Entretanto, sempre que se permite avançar criativamente, a cantora retorna com alguma faixa ainda mais acessível, leve ou acolhedora, como Window e Body Moves, destacando o equilíbrio presente durante toda a execução do álbum. Ainda que muitos desses elementos pareçam apontar diretamente para o repertório de Ignorance e How Is It That I Should Look at the Stars, diminuindo a sensação de ineditismo do trabalho, prevalece em Humanhood um domínio criativo poucas vezes antes percebido nas criações de Lindeman.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.