Ano: 2024
Selo: Independente
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Disclosure e Fred Again
Ouça: I Want Your Love, MD e Romance
Ano: 2024
Selo: Independente
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Disclosure e Fred Again
Ouça: I Want Your Love, MD e Romance
Os trabalhos do curitibano Arthur Sugamosto, o Tui, são sempre uma garantia de bom divertimento. Basta voltar os ouvidos para o material entregue no introdutório Castto IV (2021) e sua interpretação atualizada sobre o city pop ou mesmo toda a sequência de músicas que se acumulam no Soundcloud para ser atraído pela obra do artista. É como um permanente diálogo com as pistas e seus mais variados estilos, proposta que ganha uma abordagem ainda mais ambiciosa com a produção de Filter Label (2024, Independente).
Diferente dos registros anteriores, como o ainda recente Casto IX (2023), Filter Label chama a atenção pelo aspecto colaborativo de suas canções. Longe do isolamento autoimposto durante a construção dos últimos trabalhos, Tui agora surge acompanhado por 29 parceiros vindos de nove países diferentes. O resultado desse processo está na entrega de uma obra extensa e naturalmente inchada, afinal, são 32 composições organizadas em dois discos, mas que em nenhum momento deixam de exercer o fascínio sobre o ouvinte.
Para o primeiro bloco de canções, intitulado Filter Label Chapter 1, o artista se concentra na formação de um repertório voltado essencialmente às pistas e que destaca a relação do produtor com o future funk e a french house. Difícil ouvir músicas como Encoder, parceria com o argentino Shiruetto, e não lembrar da boa fase do Disclosure em Settle (2013). Já em Light Machine, colaboração com a dupla Magic Flowers, da Moldávia, são sintetizadores, batidas e efeitos carregados que evocam os primeiros registros do Daft Punk.
Nada que diminua a identidade criativa do produtor curitibano. Exemplo disso fica bastante evidente em I Want Your Love, com suas batidas aceleradas e bases detalhistas que ainda se completam pela presença de Moshiro. Surgem ainda criações como a curiosa Let It Go, com o produtor sérvio DJU DJU, composição que acaba evidenciando o interesse do artista por uma sonoridade ainda mais acessível, por vezes íntima da EDM comercial, direcionamento que volta a se repetir em diferentes momentos no decorrer de Filter Label.
Já com a segunda parte do trabalho, batizada Filter Label Chapter 2, Tui se aventura na construção de um repertório ainda mais amplo e musicalmente imprevisível. Como indicado logo na introdutória Romance, deliciosa parceria com o goiano Karan, são composições que partem de uma abordagem dançante para mergulhar de cabeça no funk, lembrando as antigas criações do artista, sempre voltadas ao chill baile. Um verdadeiro catálogo de preciosidades, como Oil e MD, canção que gruda logo em uma primeira audição.
O problema é que nesse esforço em ampliar o próprio repertório, o produtor esbarra em uma variedade de canções completamente deslocadas. É o caso de Aleph, e seu curioso flerte com a música árabe, e a pop Boy Of Your Dreams que, mesmo bem executadas, pouco dialogam com o restante do álbum. São excessos e pequenos desvios de percurso que não apenas acabam comprometendo a experiência do ouvinte, como diminuem a sensação de impacto e brilho evidente em algumas das principais composições de Filter Label.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.