Ano: 2025
Selo: 4AD
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Cate Le Bon e Cass McCombs
Ouça: Bookends, Dear Patti e Like James Said
Ano: 2025
Selo: 4AD
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Cate Le Bon e Cass McCombs
Ouça: Bookends, Dear Patti e Like James Said
Se, em início de carreira, Meghan Remy parecia investir em um repertório pontuado por instantes de maior experimentação, com o passar dos anos, a cantora e compositora estadunidense fez com que as canções do U.S. Girls parecessem cada vez mais acessíveis, mas não menos provocativas. Exemplo disso fica mais do que evidente em Scratch It (2025, 4AD), trabalho em que Remy se aprofunda na música norte-americana.
Fortemente influenciado pelo country de Nashville, o rock decadente de Las Vegas e o funk de Nova Iorque, o registro segue de onde a artista parou há dois anos, durante a entrega de Bless This Mess (2023), porém chama a atenção pelo maior detalhamento das composições. São camadas de guitarras, teclados e batidas cuidadosamente trabalhadas em estúdio, como um aceno para o estilo de produção dos anos 1960 e 1970.
Como parte desse processo criativo, Remy pediu a Dillon Watson, guitarrista e um dos produtores do disco, para que montasse um time de músicos capazes de replicar a mesma atmosfera de registros produzidos no período que serve de inspiração para o material. O resultado desse processo está na entrega de uma obra que dialoga com o passado, mas nenhum momento tende à nostalgia das temáticas e formas instrumentais.
Parte desse resultado vem da escolha da artista em investir na elaboração de faixas pontuadas por temas mundanos. Em Dear Patti, por exemplo, a cantora lamenta perder um show de Patti Smith para cuidar dos filhos. Já em The Clearing, com gaita do lendário Charlie McCoy (Elvis Presley, Bob Dylan), um chamado ao amor em um cenário dominado pela brutalidade masculina, temática recorrente nos discos do U.S. Girls.
Nada que prepare o ouvinte para o que talvez seja a principal faixa do disco, Bookends. Enquanto os versos refletem sobre a morte precoce de Riley Gale (1986 – 2020), vocalista do grupo de thrash metal Power Trip e amigo de Remy, camadas instrumentais vão da atmosfera soturna à doce libertação. É como se a cantora mergulhasse em um universo tão pessoal quanto coletivo, conceito que vai de Like James Said a No Fruit.
Embora caprichado e autêntico, Scratch It não propõe nenhuma ruptura estética significativa. São ideias e estruturas há muito testadas na música norte-americana, ainda que reorganizadas sob o olhar atento de Remy. O que sustenta o trabalho é a forma como a artista manipula essas referências sem parecer presa ao passado, encontrando equilíbrio entre o drama íntimo detalhado nas letras e o rigor técnico da produção.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.