Ano: 2025
Selo: Palatável Records
Gênero: Eletrônica, Darkwave
Para quem gosta de: Teto Preto e NoPorn
Ouça: A Gata Agora, Ina e Fantasmas
Ano: 2025
Selo: Palatável Records
Gênero: Eletrônica, Darkwave
Para quem gosta de: Teto Preto e NoPorn
Ouça: A Gata Agora, Ina e Fantasmas
O sotaque afetado, com o chiado do “s” e “x” que estala feito chicote, a letra ora cantada, ora declamada e o uso de batidas eletrônicas que buscam a todo instante acompanhar os excessos detalhados nos versos. Em Veras I (2025, Palatável Records), disco de estreia do grupo niteroiense Vera Fischer Era Clubber, somos convidados a embarcar em uma aventura noturna consumida pela dor, drogas, sexo e pequenos prazeres.
Mesmo repleto de acenos para a obra de veteranos da cena carioca, como Gang 90 & Absurdetes, Fausto Fawcett e Fernanda Abreu, o álbum de sete faixas encanta justamente pela maneira como o grupo formado por Malu, Pek0, Vickluz e Crystal consolida a própria identidade em um curto intervalo de tempo. Canções que equilibram versos quase sempre atormentados com batidas eletrônicas e considerável dose de humor.
Não por acaso, Fantasmas foi a música escolhida para apresentar o quarteto fluminense há poucos meses. Enquanto batidas eletrônicas avançam em uma medida própria de tempo, trazendo ritmo à canção, versos descritivos passeiam em meio a criaturas tão humanas quanto aterrorizantes. “É que eu falo com fantasmas / É que meu ex é um zumbi / Eu vivo beijando bruxas / Que eu encontro por aí”, brinca a vocalista Crystal.
E isso é apenas uma fração de tudo aquilo que o quarteto, sempre em colaboração com o produtor Augusto Feres, busca desenvolver no decorrer do trabalho. Em Ina, por exemplo, somos convidados a mergulhar no relacionamento tóxico de duas amigas a partir de uma divertida observação sobre o consumo de cocaína. Essa mesma ode aos prazeres ilícitos volta a se repetir em Lololove U, música que antecede a canção que dá título ao grupo, com suas referências confessas, todas alinhadas de maneira deliciosamente dançante.
Nada que pareça igualar a potência explícita em A Gata Agora. Inaugurada de maneira enérgica, como um contraponto ao som excessivamente arrastado que invade o trabalho com a anticlimática Altinha, a canção logo trata de ambientar o ouvinte. São pouco mais de três minutos em que a suculenta linha de baixo, uso das batidas e sintetizadores parecem perfeitamente alinhados aos versos cinematográficos da composição.
Dado esse impulso, o quarteto só autoriza o ouvinte a respirar novamente quando alcançamos a derradeira Eu Sem Depressão. É como se cada nova música engatasse na canção seguinte, garantindo ao público uma obra tão alucinante que é impossível não querer mais uma dose, e outra, e outra. Um disco que encontra no caos afetivo e na ironia escancarada as ferramentas ideais para que o grupo construa seu próprio espaço.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.