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Ano: 2023

Selo: Captured Tracks

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Hatchie e Beach Fossils

Ouça: Headlights On e Suburban Solutions

7.5
7.5

Wild Nothings: “Hold”

Ano: 2023

Selo: Captured Tracks

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Hatchie e Beach Fossils

Ouça: Headlights On e Suburban Solutions

/ Por: Cleber Facchi 24/11/2023

Primeiro trabalho de inéditas do Wild Nothing em cinco anos, Hold (2023, Captured Tracks), como tudo aquilo que Jack Tatum tem explorado desde o início da carreira, é uma viagem musical em direção ao passado. Mais uma vez inspirado pela música produzida na década de 1980, o artista norte-americano se aventura na construção de faixas marcadas pela inserção das guitarras, mas que se completam pelo uso cada vez mais destacado dos sintetizadores. Um misto de nostalgia e precioso toque de renovação que se reflete principalmente no maior esmero e amadurecimento explícito em cada mínimo fragmento poético.

Espero que você esteja aqui sempre que eu emergir / Estou enterrado até os olhos / Mas por favor, nunca pare de me puxar para fora“, canta em Headlights On, canção que não apenas evidencia essa mudança de postura por parte de Tatum, como sintetiza parte dos temas instrumentais que embalam a experiência do ouvinte até os minutos finais da obra. É como se o músico, aqui acompanhado pela cantora e compositora australiana Hatchie, fosse de encontro aos primórdios da acid house, porém, preservando a riqueza das guitarras que embalam as composições do Wild Nothing desde a entrega do introdutório Gemini (2010).

De fato, poucas vezes antes uma criação de Tatum pareceu tão ampla e ainda assim consistente quanto Hold. São canções que apontam para diferentes territórios criativos, porém, preservando a identidade do músico e sempre meticulosa escolha dos timbres. Dessa forma, o álbum vai do sophisti-pop atmosférico de The Bodybuilder, composição que evoca Sade, ao synthpop neon de Suburban Solutions, faixa que parece saída de algum disco do New Order, sem necessariamente fazer disso o estímulo para uma obra confusa. Um ziguezaguear de ideias, diferentes ritmos e tendências que destacam a versatilidade do Wild Nothing.

Em Pulling Down the Moon (Before You), por exemplo, difícil não pensar na composição como uma faixa perdida de Peter Gabriel, efeito direto da percussão detalhista que se completa pelo uso calculado das guitarras e teclados. Já em Histrion, sintetizadores e bases eletrônicas apontam para o passado na mesma medida em que estreitam laços com outros nomes recentes, vide o trabalho de Alan Palomo em World of Hassle (2023). Surgem ainda criações como a dançante Basement El Dorado, música que destaca a relação de Tatum com as pistas, como uma fuga completa do tipo de som explorado nos primeiros anos da banda.

Claro que essa capacidade do artista em transitar por entre estilos em nenhum momento inviabiliza a entrega de canções ainda íntimas dos antigos trabalhos do Wild Nothing. Exemplo disso fica bastante em Alex. Embora marcada pelo uso complementar dos sintetizadores, a música não apenas posiciona as guitarras em primeiro plano, como destaca o uso ruidoso dos arranjos. Instantes em que Tatum vai de encontro ao mesmo território criativo de Nocturne (2012). A própria Dial Tone, mesmo partindo de uma abordagem transformada, se projeta como uma típica composição do repertório apresentado em Gemini.

Marcado pela pluralidade de elementos e diferentes propostas criativas, Hold invariavelmente tende aos pequenos excessos. São músicas como Prime, com seus arranjos excessivamente contidos, que ecoa como uma versão menos interessante daquilo que Tatum apresenta de forma detalhista no restante da obra. Já a instrumental Presidio, mesmo marcada pelo refinamento dado aos arranjos, surge de maneira deslocada entre as potentes Suburban Solutions e Dial Tone. Curvas pontuais e mudanças sutis de rota, mas que em nenhum momento alteram a trajetória bem-sucedida de Tatum durante toda a execução do trabalho.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.