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Crítica

Yumi Zouma

: "Truth Or Consequences"

Ano: 2020

Selo: Polyvinyl

Gênero: Indie Pop, Synthpop, Pop Rock

Para quem gosta de: TOPS, Hazel English e Barrie

Ouça: Soouthwark e Cool For a Seconod

7.0
7.0

Yumi Zouma: “Truth Or Consequences”

Ano: 2020

Selo: Polyvinyl

Gênero: Indie Pop, Synthpop, Pop Rock

Para quem gosta de: TOPS, Hazel English e Barrie

Ouça: Soouthwark e Cool For a Seconod

/ Por: Cleber Facchi 26/03/2020

Ouvir as canções de Truth Or Consequences (2020, Polyvinyl), terceiro e mais recente álbum de estúdio do Yumi Zouma, é como mergulhar em uma obra onde você sabe o que irá encontrar e, ainda assim, ser surpreendido. Sequência ao pop nostálgico que embala o material entregue nos antecessores Yoncalla (2016) e Willowbank (2017), o novo disco segue exatamente de onde o grupo formado por Christie Simpson (voz e teclados), Josh Burgess (guitarra, baixo, voz e teclados), Charlie Ryder (guitarra, baixo e teclados) e Olivia Campion (bateria) parou há três anos. Um misto de passado e presente que orienta a experiência do ouvinte até a derradeira Lie Like You Want Me Back.

Perfeita representação desse resultado se reflete logo nos primeiros minutos do disco, na dobradinha composta por Lonely After e a já conhecida Right Track / Wrong Man. São camadas de guitarras, vozes trabalhadas de maneira etérea e melodias sempre sofisticadas, proposta que tanto emula o pop produzido nos anos 1980, como o rock atmosférico da década de 2010. Instantes em que o quarteto neo-zelandês sutilmente amplia tudo aquilo que tem sido entregue desde o primeiro EP de inéditas, lançado há mais de meia década.

Claro que essa propositada leveza não interfere na produção de músicas deliciosamente dançantes, como uma extensão natural de tudo aquilo que o Yumi Zouma tem produzido desde os primeiros registros autorais. Exemplo disso está na criativa colagem de ideias que toma conta de Southwark, terceira faixa do disco. Completa pelo uso atmosférico das vozes, samples e inserções eletrônicas, a canção traz de volta o mesmo balearic beat detalhado pelo grupo durante o lançamento de It Feels Good To Be Around You, bem-sucedida colaboração com a dupla sueca Air France.

A mesma composição estética acaba se refletindo mais à frente, em My Palms Are Your Reference to Hold to Your Heart. Pouco menos de quatro minutos em que o grupo neo-zelandês posiciona parte dos arranjos e vozes ao fundo da canção, valorizando o uso destacado da percussão. São guitarras cíclicas, sintetizadores e linha de baixo que parece fluir de acordo com a bateria de Campion. Mesmo Lie Like You Want Me Back, com sua poesia triste, preserva o mesmo direcionamento temático, como um convite a dançar em um cenário consumido pela dor, estrutura que naturalmente evidencia algumas das principais referências criativas do grupo, como Belle and Sebastian e The Smiths.

Dos poucos momentos em que perverte essa estrutura, interessante perceber a passagem para um lado ainda mais acessível da banda. É o caso de Cool For A Summer. Do tratamento dado às guitarras ao uso minucioso das vozes e batidas, poucas vezes antes o Yumi Zouma pareceu tão íntimo de uma parcela maior do público quando na presente canção. Difícil não lembrar do som produzido pelo Phoenix, em United (2000) e It’s Never Been Like That (2006), indicativo do olhar curioso do quarteto para o passado, cuidado que acaba se refletindo em outros momentos ao longo da obra.

Lançado sem grandes pretensões, como tudo aquilo que embala o som do grupo neo-zelandês desde a bem-sucedida estreia com Yoncalla (2016), Truth Or Consequences encanta justamente pela fuga de possíveis excessos, como a passagem para um refúgio temporário. São canções marcadas pela força dos sentimentos, desilusões amorosas, medos e instantes consumidos pela saudade, porém, tratadas de forma sempre convidativa, doce, como se o Yumi Zouma fizesse da simplicidade dos elementos e fórmulas instrumentais o principal componente criativo para o sustento do álbum.



Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.