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Críticas

Arctic Monkeys

: "AM"

Ano: 2013

Selo: Domino

Gênero: Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Queens Of The Stone Age e The Strokes

Ouça: Knee Socks, Fireside e Do I Wanna Know?

6.0
6.0

Disco: “AM”, Arctic Monkeys

Ano: 2013

Selo: Domino

Gênero: Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Queens Of The Stone Age e The Strokes

Ouça: Knee Socks, Fireside e Do I Wanna Know?

/ Por: Cleber Facchi 04/09/2013

The Strokes e Comedown Machine, Yeah Yeah Yeahs e Mosquito, Franz Ferdinand com Right Thoughts, Right Words, Right Action, e até o Bloc Party com o EP The Nextwave Sessions. Alinhamento dos planetas ou não, mas o fato é que 2013 foi o ano escolhido para que “jovens veteranos” do panorama “alternativo” apresentados na última década voltassem à cena. Alguns de forma assertiva, como revelou o quarteto escocês, outros de maneira torta, vide o mais novo exagero de Kele Okereke e seus parceiros. O restante, para o bem ou para o mal, parece posicionado em um meio termo, iluminado por um holofote baixo e que até chama as atenções, mas está longe de convencer realmente.

Mas e o Arctic Monkeys, onde fica nesse cenário? Dois anos após requentar as ideias no quase caricato Suck It and See (2011), obra que praticamente cresce à sombra do psicodélico Humbug (2009), Alex Turner e os parceiros de banda regressam ao mesmo território “agressivo” de outrora, posicionando as guitarras e vozes dentro de um ambiente temático bastante similar para abastecer AM (2013, Domino). Quinto e mais novo disco do grupo, o álbum é praticamente um autoplágio tamanho o conforto estratégico do quarteto. Um misto bem equilibrado de “mais” com “mesmo” do qual a banda parece pouco interessada em se mover.

Estaria eu passeando pelas mesmas distorções firmadas em Humbug ou é apenas impressão minha? Essa agressividade arrastada de Arabella ou a balada mezzo épica  que cresce em No. 1 Party Anthem, isso já não estava nos discos anteriores? Até R U Mine? está de volta, mais de um ano depois dela ter sido lançada como single. Vocês têm certeza de que eu não estou ouvindo o mesmo disco de antes? O Mesmo Suck It and See? Pois é exatamente isso que parece. Riffs posicionados com a mesma precisão e letras perfumadas por amor e álcool que repetem ideias bastante similares. Parece até que a banda resolveu correr na mesma esteira de conceitos de outrora, agora com a velocidade reduzida.

Quem se encantou com as linhas de baixo volumosas e as guitarras quase suculentas de Do I Wanna Know? vai ter de se contentar apenas com ela, afinal, nada parece preparado com o mesmo entusiasmo no restante da obra. A banda até parece inclinada repetir o mesmo esforço em One For the Road e I Want It All, faixas que devem ter deixado o “tutor” Josh Homme com uma coceirinha atrás da orelha: “Essas músicas não são minhas, não?”. E todas essas guitarras que parecem ter escapado do novo disco do Black Sabbath? Tudo muito suspeito.

Passear por AM é como esbarrar em uma sequência de obras clássicas da década de 1970, com a diferença de que aqui tudo parece emulado. Um exercício constante de “querer ser quem não é” com “deixar pra trás a própria identidade”. Ainda que Humbug fosse uma representação quase exata desse mesmo propósito, fosse pela presença de Josh Homme ou pelo simples desejo da banda em fazer algo diferente  (em relação ao que ocupava a cena britânica na época), cada faixa entalhada no registro surge em um esforço de grandeza e presença autoral. Um oposto do que é revelado agora. Até os tradicionais hits que a banda sempre pareceu confortável em fabricar ficaram para trás, ou simplesmente parecem dissolvidos no Déjà Vu estético que reforça constantemente a sensação: Eu já não ouvi isso antes?

Antes que as pedras cheguem, logo assumo: AM é sim um trabalho de produção, vozes e sons bem estabelecidos. Um jogo de arranjos que sobrepõem a simplicidade do disco passado em prol de faixas instrumentalmente bem resolvidas e recheadas por vocais polidos – caso de Knee Socks e Fireside. Porém, nada além do que a banda, ou melhor, outros artistas já não tenham feito e o Arctic Monkeys tenha apenas revivido. No atual pódio dos “novos veteranos”, o quarteto britânico não parece estar nem acima e nem abaixo dos demais, apenas parado, exatamente onde estava em 2009 e onde deve permanecer por um bom tempo.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.