Disco: “Cherish The Light Years”, Cold Cave

/ Por: Cleber Facchi 01/03/2011

Cold Cave
Electronic/Experimental/Post-Punk
http://www.myspace.com/coldcave

Por: Fernanda Blammer

Mudanças latentes tomam conta do novo trabalho de Wesley Eisold do Cold Cave. Quem esperava uma continuação soturna do disco Love Comes Close de 2009 pode acabar se decepcionando com esse novo trabalho, já aqueles que se orientavam pelo rótulo de “pop” expresso na página do MySpace do artista podem encontrar em Cherish The Light Years (2011) um bom disco. O Post-Punk se encontra com a New Wave sempre em ressonâncias constantes de música eletrônica.

Não há como contestar, Eisold ainda bebe vertiginosamente da fonte “anos 80” em cada uma das nove faixas que compõem o recente álbum, a grande diferença está na forma como esse beber referencial se dissolve dentro desse segundo álbum. Enquanto o debute proporcionava um trabalho muito mais hermético e centrado na criação de acordes e batidas reducionistas, o novo álbum vem como uma quase oposição a isso. Mesmo quando dava vazão a um som mais aberto no trabalho de estreia, como em The Trees Grew Emotions And Died, a sonoridade transportava certo ar melancólico e um ritmo obscurecido por sintetizadores obtusos.

A predisposição a uma sonoridade realçada pela música industrial, que já era bastante utilizada no primeiro disco, dentro desse novo trabalho surge de maneira reforçada. A diferença está no fato de que não existem momentos melancólicos, pelo contrário, quase é possível afirmar que Wesley Eisold se transformou em um “romântico” (como até já afirmou em algumas entrevistas). Se antes os sintetizadores eram voltados para a criação de um som recluso, agora é com um foco nas pistas de dança (claro, que dentro dos seus limites) que o ritmo do novo álbum é trabalhado.

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Para dar formas a esse disco Nick Zinner (Yeah Yeah Yeahs) e outros convidados como o cantor Glassjaw Daryl Palumbo, Matt Sweeney (Zwan, Chavez), Gae Licata, Tonie Joy e Sean Martin vem para edificar Cherish The Light Years. O álbum, como o próprio líder do Cold Cave já afirmou é uma sincera homenagem à Nova York, sendo ela a “Big Apple” a força que movimenta boa parte das composições, assim como o caráter urbano presente em todos os momentos.

Um dos maiores acertos desse novo trabalho está na utilização de inéditos elementos e uma instrumentação variada em boa parte das faixas. Alchemy Around You talvez seja a faixa que melhor evidencie isso, por conta da utilização de trompetes, que dão a faixa um ritmo completamente diferente de tudo que Eisold já havia trabalhado. Os desesperados e intolerantes a mudanças podem ficar tranquilos, afinal há espaço para canções como Burning Sage, que remetem totalmente ao resultado alcançado no disco de estreia, além é claro de um maior amadurecimento no uso dessa temática.

Embora possa se distanciar dos antigos fãs na utilização dessa sonoridade menos comportada Wesley Eisold faz um excelente trabalho dentro desse segundo disco com o Cold Cave. A exploração de novos formatos e elementos sonoros mostra a sapiência do músico em fazer algo que veteranos como Robert Smith deveriam ter feito há tempos. “Post-Punk”, “New Wave”, “Dark Wave” ou qualquer rótulo que você tente estabelecer a Cherish The Light Years é insignificante perto da qualidade desse trabalho.

Cherish The Light Years (2011)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Zola Jesus, Twin Shadow e Diamond Rings
Ouça: Confetti

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.