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Críticas

Jon Hopkins

: "Immunity"

Ano: 2013

Selo: Domino

Gênero: Ambient, Ambient Techno

Para quem gosta de: Brian Eno, Gas e The Field

Ouça: Sun Harmonics e Immunity

8.6
8.6

Disco: “Immunity”, Jon Hopkins

Ano: 2013

Selo: Domino

Gênero: Ambient, Ambient Techno

Para quem gosta de: Brian Eno, Gas e The Field

Ouça: Sun Harmonics e Immunity

/ Por: Cleber Facchi 10/06/2013

Jon Hopkins sempre foi um artista que atuou por trás dos panos. Produtor em atividade desde o começo dos anos 2000, o britânico de Wimbledon passou boa parte da década passada trancafiado em estúdios, cuidando tanto da produção como do acabamento de uma variedade de projetos da cena inglesa – poucos dele próprio. Foi só a partir de 2005, quando começou a se aproximar de Brian Eno – principal influência do artista -, que a obra do inglês realmente floresceu. Passada a construção de alguns trabalhos em carreira solo pouco expressivos e o crescimento em Small Craft on a Milk Sea – parceria de 2010 com Eno e Leo Abrahams -, chega a vez de Hopkins se apresentar de fato com Immunity (2013, Domino).

Quarto registro solo do produtor, o novo álbum traz nas experimentações e no entalhe minimalista das faixas um percurso tratado com novidade. Pontuado do princípio ao fim por uma timidez natural, o disco cresce em meio a paisagens sonoras perfumadas pelo controle e a precisão dos sons, elementos que nas mãos de Hopkins assumem rumos incertos. É como se tudo aquilo que Eno concentrou na década de 1970 – mais especificamente em obras como Another Green World (1975) e Ambient 1: Music for Airports (1978) – fosse em busca dos sons brandos de Wolfgang Voigt (Gas), trazendo no minimal techno de The Field (do álbum From Here We Go Sublime, 2007) um complemento inevitável.

Menos hermético que os primeiros registros do britânico, Immunity assume na relação com artistas como Imogen Heap e Coldplay – com quem Hopkins trabalhou nos últimos anos – um acréscimo natural para a obra. A sensação é que o produtor parece ter encontrado um novo rumo aos inventos comerciais de tais colaboradores, expandindo o pop eletrônico de álbuns como Mylo Xyloto (2011) dentro de uma linguagem própria, excêntrica, porém ainda assim atrativa. Dessa forma, as extensas melodias e ruídos proclamados em músicas como Breathe This Air e Collider nunca fogem de uma possível aproximação com o ouvinte – mesmo aqueles não encantados por esse tipo de som.

Recheado por texturas extremamente detalhistas, Immunity trata na sobreposição de sons, batidas, pequenas vozes e nuances quase imperceptíveis o cuidado que sustenta toda a beleza da obra. Construído ao longo de oito imensas composições, o álbum tem cada espaço instrumental do registro ocupado por uma dose específica de sons, alguns tratados com nítida orquestração, outros de forma naturalmente abstrata. Melhor exemplar desse percurso incerto assumido pelo produtor, Sun Harmonics faz dos quase 12 minutos de duração um objeto de estudo para Hopkins. São texturas aglutinadas durante todo o percurso da faixa, que traz em batidas acertadas a 118 BPM o único ponto de linearidade para a música.

Longe de finalizar uma obra homogênea e de relações instrumentais partilhadas, o britânico assume na individualidade de cada faixa o objeto de sustento para o disco. Enquanto a canção título, posicionada ao encerramento da obra, parece aprimorar o que Brian Eno apresentou recentemente com Lux (2012), músicas à exemplo de Open Eye Signal tratam na aceleração um posicionamento de ruptura ao disco – que vai do ambiental às pistas sem qualquer exagero. Por vezes, fica a sensação de que temos em mãos uma coletânea, como se cada música fosse apenas uma mostra aleatória das composições de Hopkins, resultado de efeito distante e quase contraditório se levarmos em conta boa parte dos trabalhos do gênero.

A julgar pelo catálogo de registros assinados previamente por Hopkins – entre eles a trilha sonora do filme Monsters (2010), alguns projetos com King Cresote e um rico arsenal de remixes -, Immunity está longe de se revelar como um ponto final de um exercício crescente, mas uma extensão natural de aprimoramento do produtor. Da ambientação sutil de Form by Firelight aos beats assíncronos de Breathe This Air, cada espaço da obra é tratado como um ponto de pleno entendimento e descoberta, transformando os 10 anos de produção do britânico em um mero princípio.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.