Disco: “LOSE”, Cymbals Eat Guitars

/ Por: Cleber Facchi 18/09/2014

Cymbals Eat Guitars
Indie Rock/Alternative/Rock
http://cymbalseatguitars.com/

Por: Cleber Facchi

Da geração de bandas norte-americanas que nasceram na segunda metade da última década, poucas amadureceram tanto quanto a Cymbals Eat Guitars. Fruto da mesma safra de Titus Andronicus, The Pains of Being Pure at Heart e outros coletivos próximos, o grupo de Nova York carrega no peso das guitarras e melodias abertas a ponte que conecta o rock alternativo do fim dos anos 1990 ao presente. Referências tão próximas de Built to Spill, The Wrens e Modest Mouse, quanto do quarteto, hoje um comprovado veterano ao alcançar o terceiro álbum da carreira, LOSE (2014, Barsuk).

Obra mais segura (e ampla) já projetada por Joseph D’Agostino, Andrew Dole, Matt Whipple e Brian Hamilton, o presente álbum é um verdadeiro exercício de consolidação. Se há pouco menos de três anos as guitarras sujas de Lenses Alien (2011) revelavam “apenas” uma extensão aprimorada do som cru lançado em Why There Are Mountains (2009), hoje cada porção instrumental espalhada pela obra se movimenta em parcimônia, seduzindo o ouvinte pelos detalhes.

Em um cenário tão próximo do Indie Rock de 1990 como da essência do rock progressivo, LOSE é uma obra de arranjos extensos, a serem desbravados pelo ouvinte. Ainda que leve em seus 44 minutos e 45 segundos de duração – média aproximada dos últimos lançamentos da banda -, grande parte das canções espalhadas pelo disco ultrapassam os limites de uma faixa “comercial”. São atos acima dos seis minutos, como em Jackson e 2 Hip Soul, e até músicas aos moldes de Laramie, com mais de oito minutos de distorções, cantos e novos improvisos.

Longe de ser interpretado como uma obra “revival”, como os dois primeiros trabalhos da banda, o acerto do novo disco está na expressiva formação de uma identidade musical por parte do CEG. Da essência melódica (Built To Spill) e agressiva (Superchunk) de grandes veteranos da cena alternativa nasce apenas a estrutura da obra, esqueleto aos poucos encorpado por pianos sutis (Jackson), batidas firmes (Chambers) e uma delicadeza rara em se tratando do uso das guitarras distorcidas (Place Names).  

Possível ápice em se tratando dos três primeiros lançamentos da banda, LOSE encanta pela soma de arranjos e vozes inéditas sustentadas pelo quarteto. Responsável por isolar cada (nova) referência do grupo, John Agnello (The Walkmen, Dinosaur Jr.), mesmo produtor do álbum passado, surge como o “grande culpado” pelo detalhamento instrumental dado ao disco. É evidente a presença do produtor em faixas límpidas como Place Names, Laramie e Child Bride, instantes de maior abertura da obra e marca que distancia a música do CEG do trabalho assinado por Parquet Courts, OUGHT e demais projetos motivados pela mesma sonoridade nostálgica.

Feito para ser “degustado”, LOSE concentra todos os elementos para ser encarado como uma “obra arrastada”, entretanto, convence pelo dinamismo. Mesmo que nenhuma faixa do disco carregue o mesmo brilho pop de Another Tunguska, Indiana e demais músicas prontas dos primeiros álbuns, todo o esforço da banda está em produzir um disco harmônico e veloz, capaz de prender o ouvinte ainda nos primeiros minutos da inaugural Jackson. Músicas detalhadas por sentimentos honestos (Child Bride) e adaptações musicais inteligentes (Chambers); acréscimos que fazem que fazem do Cymbals Eat Guitars um dos projetos mais expressivos do rock atual.

 

LOSE (2014, Barsuk)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Titus Andronicus, Parquet Courts e Built To Spill
Ouça: Jackson, Child Bride e Laramie

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.