Pepper Rabbit
Indie Pop/Alternative/Indie
http://www.myspace.com/pepperrabbit
Por: Cleber Facchi
Transformar experimentações musicais movidas por um vasto arsenal instrumental em composições doces e despretensiosamente psicodélicas, esta parece ser a prerrogativa para o trabalho da dupla Xander Singh e Luc Laurent através da banda Pepper Rabbit. Depois de um agradável registro lançado em outubro de 2010 – o bem recebido Beauregard -, a banda que se formou em New Orleans, mas mantém sua sede em Los Angeles parte agora para a apresentação de seu segundo disco, um trabalho que mantém as mesmas preferências do álbum que o precede, mas que já identifica novos rumos no som do duo.
Seguindo pela mesma linha instrumental desenvolvida por bandas como Passion Pit, MGMT (do primeiro disco) e Ra Ra Riot, Red Velvet Snow Ball (2011, Kanine Records) mantém a constante busca por um tipo de som agradável, embora evite o tempo todo se transformar em algo demasiado pueril ou inundado de teclados climáticos e xilofones joviais. Um disco que dialoga com uma sonoridade suave e açucarada, mas que consegue manter seu tom sério e adulto durante toda sua execução, uma temática explorada no primeiro disco da dupla e que felizmente tem continuidade no atual álbum do duo.
Enquanto em seu debut o Pepper Rabbit mantinha constante a busca por harmonias fáceis e que pareciam projetadas para vislumbrar o ouvinte através de uma única audição, em seu novo trabalho as composições, mesmo repletas dos mesmos teclados policromáticos e melodias doces levam certo tempo até engrenar. De maneira geral, as músicas abrem de maneira bastante ponderada (em alguns momentos soam básicas demais), até que lentamente comecem manifestar sua real beleza, colando diversos bips coloridos, vocais montados em um tom altíssimo e pequenas inserções instrumentais que trazem um caráter quase onírico ao projeto.
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É só a partir da faixa The Annexation of Puerto Rico (de longe uma das melhores criações da dipla) que a banda parece ter encontrado de fato o tipo de som que os guiará pelo restante do registro. A maneira esparsa como os teclados são posicionados puxam a sonoridade da dupla para um universo de reverberações psicodélicas e quase experimentais, deixando as anteriores referências da banda e partindo para um novo mundo de artistas e grupos como The Flaming Lips, Mercury Rev ou mesmo um Animal Collective pós-Strawberry Jam.
Se antes os vocais e o instrumental caminhavam de forma paralela, porém em caminhos individuais, na segunda metade do trabalho há um delicado encontro entre as duas linhas, transformando toda a sonoridade do disco. Os vocais sempre trabalhados em coro surgem como uma espécie de instrumentos ao longo das faixas (ouça Dance Card), com o mesmo se manifestando através dos teclados e guitarras nas canções, não mais elementos distantes, mas próximos e ganhando proporções grandiosas através das composições.
Basta uma simples audição de faixas como Lake House, Family Planning ou Murder Room para constatar o quanto a banda evoluiu em pouco menos de um ano. Por mais que lá no fundo as canções estejam fortemente relacionadas com aquilo que a dupla desenvolveu em seu primeiro álbum, os rumos estabelecidos em Red Velvet Snow Ball são outros, o que transforma o Pepper Rabbit em uma grande aposta para futuros grandes lançamentos, afinal, se em pouco tempo Singh e Laurent conseguiram crescer tanto, só nos resta esperar por algum registro surpreendente para os próximos anos.
Red Velvet Snow Ball (2011, Kanine Records)
Nota: 7.8
Para quem gosta de: Ra Ra Riot, 1,2,3 e Matt & Kim
Ouça: Murder Room
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.