Disco: “Rojus”, Leon Vynehall

/ Por: Cleber Facchi 18/04/2016

Artista: Leon Vynehall
Gênero: Electronic, Deep House, Alternative
Acesse: https://soundcloud.com/vynehall

 

Claustrofóbico e ao mesmo tempo hipnótico. Assim pode ser definido o trabalho de Leon Vynehall em Music for the Uninvited. Um dos principais exemplares da recente safra da eletrônica inglesa, o registro entregue ao público em 2014 está longe de fixar um padrão dentro da música assinada pelo produtor de Pembury. Em Rojus (2016, Running Back), segundo e mais recente registro de inéditas de Vynehall, um novo conjunto de temas e referências a serem exploradas pelo público.

Lançado com o subtítulo de Designed To Dance – “projetado para a dança“, em português -, o álbum de emanações tropicais parece seguir um caminho completamente distinto em relação ao material entregue há dois anos pelo produtor. Do canto dos pássaros em Kiburu’s, passando pelas vozes carregadas de erotismo em Beau Sovereign e Blush, Vynehall convida o ouvinte provar de sensações que rompem completamente com o som acinzentado de Music for the Uninvited.

Colorido, um verdadeiro paraíso tropical, Rojus se apresenta ao público como uma delicada selva de nunces, vozes e texturas eletrônicas. Música de abertura do disco, Beyond This… colide sintetizadores de maneira essencialmente climática, como a passagem para esse mundo de experiências ora dançantes, ora sensuais. Uma espécie de separação entre o conceito anteriormente explorado em faixas como It’s Just (House of Dupree), Goodthing e todo o material do disco anterior.

De forma particular, Vynehall mergulha no mesmo universo de outros produtores europeus como Lindstrøm, Prins Tomas e John Talabot, produzindo um som tão leve, quanto moldado para as pistas. Basta observar a forma como Paradisea e Wahness detalham batidas e bases com delicadeza, cercando o ouvinte a cada novo movimento. Mesmo Blush, talvez a composição mais “enérgica” da obra, em nenhum momento ultrapassa a base atmosférica que orienta o trabalho.

Marcado pelos detalhes, Rojus faz de cada canção uma peça isolada, a ser observada de forma independente pelo ouvinte. Faixa mais extensa do disco, Kiburu’s talvez seja a composição que melhor apresenta a rica tapeçaria eletrônica tecida por Vynehall. São fragmentos de vozes, cantos de pássaros, gritos ecoados, sintetizadores e batidas que crescem e diminuem a todo o instante. É possível se perder no interior da canção.

Ponto de partida para uma nova fase na carreira de Vynehall, Rojus pode até preservar a essência incorporada nas canções de em Music for the Uninvited, porém, passeia por um mundo de novas fórmulas, cores e bases eletrônicas sempre mutáveis. Um curioso (e imenso) labirinto de ideias, como se o produtor inglês finalizasse uma obra viva, capaz de ocultar e revelar um conjunto de novos detalhes a cada audição.

 

Rojus (2016, Running Back)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: John Talabot, Levon Vincent e Floating Points
Ouça: Kiburu’s, Blush e Beau Sovereign

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.