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Ano: 2014

Selo: 4AD

Gênero: Synthpop, Indie Pop

Para quem gosta de: Twin Shadow, Chairlift

Ouça: Seasons (Waiting On You), Like the Moon

8.0
8.0

Disco: “Singles”, Future Islands

Ano: 2014

Selo: 4AD

Gênero: Synthpop, Indie Pop

Para quem gosta de: Twin Shadow, Chairlift

Ouça: Seasons (Waiting On You), Like the Moon

/ Por: Cleber Facchi 27/03/2014

Não haveria de existir um título mais exato para o quarto trabalho em estúdio da banda Future Islands do que Singles (2014, 4AD). Catálogo extenso de composições avulsas e melodicamente delineadas, o sucessor do já maduro On the Water (2011) é uma passagem direta do grupo de Greenville, Carolina do Norte para o grande público – ou pelo menos um último estágio antes desse ponto. Cravejado de hits e boas canções, o disco incorpora uma assertiva desconstrução do Synthpop, marca que acompanha a banda da faixa de abertura até a último harmonia sintetizada.

Em um sentido de aprimoramento ao trabalho que Gerrit Welmers, William Cashion e Samuel T. Herring desenvolvem desde o meio da última década, o novo disco fixa na completude das canções um posicionamento evidente da fase adulta. É como se o ambiente em construção, representado pelas capas dos discos – antes esboços, depois coloridas e, por fim, a presente ilustração – finalmente fosse finalizado. Mais do que entregar um disco seguro, a carga de detalhes e versos confessionais ampliam o estágio de ordem do trio, capaz de brincar com a própria essência com segurança.

Parte da nova geração de artistas que encontraram no espírito dos anos 1980 um ambiente  criativo, em Singles o Future Islands funciona como um projeto tão nostálgico como presente. Na trilha de artistas conterrâneos, caso de Twin Shadow e Chairlift, o disco olha para o passado sem necessariamente se perder em prováveis redundâncias e temas instrumentais há tempos desgastados. Basta a apaixonada Like the Moon, música que flerta com uma série de conceitos tratados por David Bowie em Scary Monsters (and Super Creeps) (1980) e Let’s Dance (1983), para perceber o quanto o grupo consegue adaptar referências.

Muito do que concede beleza ao disco não está no uso exaustivo de sintetizadores, mas em uma maior participação das guitarras. Diferente do som proposto em On the Water, com o novo álbum os teclados apenas tecem uma fina camada de arranjos complementares, como uma estratégia do grupo em ocultar toda e qualquer lacuna que possa prejudicar o rendimento do disco. Com um maior domínio, os acordes versáteis estimulam tanto a projeção de sons dançantes (A Dream of You and Me), como de músicas intimistas (Sun in the Morning), fragmentando ruídos, bases e um conjunto de experiências antes tímidas no últimos discos.

Mais do que dar novo direcionamento sonoro ao álbum, em Singles as confissões de Welmers alcançam um resultado distinto. Melancólico e romântico em um comprometimento poucas vezes observado nos últimos lançamentos, o cantor usa de cada faixa como um objeto de completa entrega ao amor. Tendo na inaugural Seasons (Waiting On You) uma espécie de orientação para o trabalho, Welmers discute diferentes aspectos sentimentais, proposta que em determinados momentos se esquiva de um mero poema corrompido pela decepção amorosa para discutir temas como família (A Song for Our Grandfathers) e abandono (Back in the Tall Grass) em um efeito muito mais abrangente.

Dentro desse novo conjunto de possibilidades, se existe algo que realça a beleza implícita desde a estreia da banda é a relação com o pop. Esquivando de manipulações descartáveis ou versos fabricados, Singles fortalece durante todo o tempo uma medida inteligente dos arranjos e temas. Uma firmeza que se mantém distante de qualquer formatação gratuita de outras obras do gênero. Ainda assim, se esparramar pelas texturas sintetizadas da banda se revela um deleite, um verdadeiro mosaico de cores e experiências tão simples, quanto deliciosamente complexas.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.