A desconstrução proposta no piano de Jonathan Ferr continua a ecoar nas canções de Cura (2021). Dois anos após o lançamento do último trabalho de estúdio, Trilogia do Amor (2019), o pianista carioca está de volta com um novo registro de inéditas e releituras para músicas importantes da nossa música. São pouco mais de 40 minutos em que o artista transita por entre gêneros de forma sempre detalhista e provocante, estrutura que vai do jazz clássico aos ritmos nacionais, proposta que se reflete com naturalidade até a composição de encerramento do disco, a acolhedora Caminho.

Da mesma forma que o material entregue em Trilogia do Amor, Cura se abre para chegada de um time seleto de colaboradores. É o caso de Viviane Mosé, na já citada faixa de encerramento, e o arranjador Jaques Morelenbaum, com quem divide os arranjos da delicada Sensível. Nada que se compare ao material entregue em Esperança. Completa pela participação do ator, cantor e comediante Serjão Loroza, a composição cresce no forte discurso político e racial impresso na construção dos versos, como um contraponto aos temas instrumentais que orientam a obra. Ouça:

Jonathan Ferr – Cura