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Críticas

Ibeyi

: "Ash"

Ano: 2017

Selo: XL Recordings

Gênero: R&B, Soul

Para quem gosta de: FKA Twigs e Moses Sumney

Ouça: Deathless e I Wanna Be Like You

8.3
8.3

Resenha: “Ash”, Ibeyi

Ano: 2017

Selo: XL Recordings

Gênero: R&B, Soul

Para quem gosta de: FKA Twigs e Moses Sumney

Ouça: Deathless e I Wanna Be Like You

/ Por: Cleber Facchi 09/10/2017

Se você já assistiu a uma apresentação ao vivo das irmãs Lisa-Kaindé e Naomi Diaz, sabe da força do Ibeyi em cima dos palcos. Composições de essência minimalista, sempre econômicas, caso do delicado repertório produzido para o autointitulado primeiro álbum de estúdio da banda franco-cubana, mas que acabam se transformando em meio ao jogo de vozes, respiros breves e toda a atmosfera percussiva que cresce de forma expressiva a cada nova experiência detalhada pela dupla.

Interessante perceber nas canções de Ash (2017, XL Recordings), segundo registro de inéditas das gêmeas sob o título de Ibeyi, uma clara transposição da mesma grandiosidade que marca as apresentações ao vivo da dupla. Entre batidas e ambientações explosivas, versos marcados pela forte sensibilidade assumem um novo posicionamento criativo, como se das cinzas de River, Ghosts e demais faixas do primeiro disco, o duo arquitetasse a base de um novo ambiente conceitual.

Fina representação desse renovado posicionamento estético sobrevive em Deathless, encontro musical da dupla com o saxofonista Kamasi Washington. Enquanto os versos da canção dão voltas em torno de uma mesma base poética, esbarrando em elementos do Hip-Hop – “O que quer que aconteça / Seja lá o que aconteceu / Nós somos imortais“–, batidas, coros de vozes, sintetizadores robóticos e metais invadem a canção, fazendo do curioso experimento um poderoso exercício criativo.

A forte relação da dupla com a música pop é outro ponto importante para o crescimento da obra. Entre vozes carregadas de efeitos, maquiadas pelo auto-tune, versos descomplicados chegam até o ouvinte de forma sempre acessível, pegajosa, reforçando a busca das irmãs Diaz por um som cada vez mais comercial. Prova disso está em músicas como I Wanna Be Like You, no canto doce de Away Away e, principalmente, no tempero latino de Me Voy, parceria com a cantora Mala Rodríguez.

Mesmo inclinado ao pop, Ash em nenhum momento se distancia da poesia sóbria que marca o trabalho da dupla desde o primeiro álbum de inéditas. Exemplo disso está na temática feminista que cresce de forma expressiva em No Man Is Big Enough for My Arms. Trata-se de um experimento que utiliza de trechos de discursos da ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, lembrando em alguns aspectos a parceria entre Beyoncé e a escritora Chimamanda Ngozi Adichie em ***Flawless.

Lírica e musicalmente maior do que o trabalho apresentado há dois anos pela dupla, Ash ainda se abre para a chegada do produtor e parceiro de longa data Richard Russell – artista que já trabalhou com Gil Scott-Heron, Damon Albarn e Bobby Womack –, além de nomes como a cantora/rapper Meshell Ndegeocello (Transmission / Michaelion) e Chilly Gonzales (When Will I Learn). Encontros e colaborações breves que sutilmente ampliam os domínios da obra.

 

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.