Ano: 2017
Selo: XL Recordings
Gênero: R&B, Soul
Para quem gosta de: FKA Twigs e Moses Sumney
Ouça: Deathless e I Wanna Be Like You
Ano: 2017
Selo: XL Recordings
Gênero: R&B, Soul
Para quem gosta de: FKA Twigs e Moses Sumney
Ouça: Deathless e I Wanna Be Like You
Se você já assistiu a uma apresentação ao vivo das irmãs Lisa-Kaindé e Naomi Diaz, sabe da força do Ibeyi em cima dos palcos. Composições de essência minimalista, sempre econômicas, caso do delicado repertório produzido para o autointitulado primeiro álbum de estúdio da banda franco-cubana, mas que acabam se transformando em meio ao jogo de vozes, respiros breves e toda a atmosfera percussiva que cresce de forma expressiva a cada nova experiência detalhada pela dupla.
Interessante perceber nas canções de Ash (2017, XL Recordings), segundo registro de inéditas das gêmeas sob o título de Ibeyi, uma clara transposição da mesma grandiosidade que marca as apresentações ao vivo da dupla. Entre batidas e ambientações explosivas, versos marcados pela forte sensibilidade assumem um novo posicionamento criativo, como se das cinzas de River, Ghosts e demais faixas do primeiro disco, o duo arquitetasse a base de um novo ambiente conceitual.
Fina representação desse renovado posicionamento estético sobrevive em Deathless, encontro musical da dupla com o saxofonista Kamasi Washington. Enquanto os versos da canção dão voltas em torno de uma mesma base poética, esbarrando em elementos do Hip-Hop – “O que quer que aconteça / Seja lá o que aconteceu / Nós somos imortais“–, batidas, coros de vozes, sintetizadores robóticos e metais invadem a canção, fazendo do curioso experimento um poderoso exercício criativo.
A forte relação da dupla com a música pop é outro ponto importante para o crescimento da obra. Entre vozes carregadas de efeitos, maquiadas pelo auto-tune, versos descomplicados chegam até o ouvinte de forma sempre acessível, pegajosa, reforçando a busca das irmãs Diaz por um som cada vez mais comercial. Prova disso está em músicas como I Wanna Be Like You, no canto doce de Away Away e, principalmente, no tempero latino de Me Voy, parceria com a cantora Mala Rodríguez.
Mesmo inclinado ao pop, Ash em nenhum momento se distancia da poesia sóbria que marca o trabalho da dupla desde o primeiro álbum de inéditas. Exemplo disso está na temática feminista que cresce de forma expressiva em No Man Is Big Enough for My Arms. Trata-se de um experimento que utiliza de trechos de discursos da ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, lembrando em alguns aspectos a parceria entre Beyoncé e a escritora Chimamanda Ngozi Adichie em ***Flawless.
Lírica e musicalmente maior do que o trabalho apresentado há dois anos pela dupla, Ash ainda se abre para a chegada do produtor e parceiro de longa data Richard Russell – artista que já trabalhou com Gil Scott-Heron, Damon Albarn e Bobby Womack –, além de nomes como a cantora/rapper Meshell Ndegeocello (Transmission / Michaelion) e Chilly Gonzales (When Will I Learn). Encontros e colaborações breves que sutilmente ampliam os domínios da obra.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.