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Críticas

Nana

: "CMG-NGM-PDE"

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Indie Pop, Samba, Twee Pop

Para quem gosta de: Tulipa Ruiz, Lulina e Mallu Magalhães

Ouça: Caoutchouc e Copacabana

8.2
8.2

Resenha: “CMG-NGM-PDE”, Nana

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Indie Pop, Samba, Twee Pop

Para quem gosta de: Tulipa Ruiz, Lulina e Mallu Magalhães

Ouça: Caoutchouc e Copacabana

/ Por: Cleber Facchi 13/10/2017

A voz doce, trabalhada com extrema delicadeza, sensibilidade e candura. Arranjos e melodias ensolaradas que passeiam por entre ritmos – samba, pop, bossa nova, rock – e possibilidades dentro de estúdio. Versos e fragmentos poéticos capazes de observar o cotidiano de forma curiosa, como se mesmo o mais mundano dos acontecimentos servisse de passagem (e permanente descoberta) para a construção de um mundo mágico, sempre mutável. Um cenário onde personagens, histórias, sentimentos e sorrisos se cruzam com leveza a todo instante.

Quatro anos após o lançamento do primeiro álbum em carreira solo, Pequenas Margaridas (2013), a cantora e compositora baiana Nana traz de volta as mesmas experiências e ambientações delicadas no segundo registro de inéditas, CMG-NGM-PDE (2017, Independente). Uma obra montada a partir de sonhos, desilusões, confissões sentimentais, medos e sussurros poéticos que lentamente parecem escapar dos domínios da artista, dialogando de forma natural com o próprio ouvinte.

Em um intervalo de quase 40 minutos, tempo de duração da obra, Nana convida o ouvinte a se perder no interior de faixas que metaforicamente colidem pequenos cenários poéticos com sentimentos. É o caso de Copacabana (“Sei, está tarde, o sol já quer morrer / Você já sabe o que vai me dizer / A multidão que lota a condução / Tem mais espaço no seu coração / Que eu“) ou mesmo a agridoce Menino Carioca (“Menino carioca / Não sabe que em mim / A sua voz provoca / Um gaguejar sem fim“). Composições que reforçam a relação da artista com o Rio de Janeiro, espécie de “musa inspiradora” para o presente álbum.

Observado de forma atenta, CMG-NGM-PDE nasce como uma continuação direta do último registro autoral de Nana, o EP Berli(m)possível (2015), obra em que a artista baiana parecia buscar inspiração na cidade de Berlim, onde reside. A diferença em relação ao trabalho lançado há dois anos está na forma como a cantora e o time de parceiros dentro de estúdio sutilmente incorporam diversos elementos típicos do universo (musical) carioca, vide o permanente diálogo com elementos do samba (Copacabana) e a bossa nova (Rua Paysandu) durante toda a execução do trabalho. Um criativo resgate de tendências que amplia o cenário desbravado pela artista.

Assim como no registro lançado há quatro anos, CMG-NGM-PDE se abre para a chegada de um time seleto de colaboradores. É o caso do músico Felipe S. (Mombojó) na acústica Caoutchouc, um delicioso dueto marcado pela força dos sentimentos e melodias contidas. Na urgente Bomba, música que mais se distancia do restante da obra, a breve interferência da pernambucana Lulina, completando as lacunas deixadas por Nana. Surgem ainda nomes como Habacuque Lima, responsável pela produção do disco, além de todo um universo de artistas que assumem responsabilidade por cada fragmento instrumental do disco.

Feito para ser ouvido sem pressa, CMG-NGM-PDE encanta pela forma como Nana não apenas preserva a identidade musical detalhada em Pequenas Margaridas, como sutilmente amplia esse mesmo universo. Por trás de cada composição, como W.O.Gato é Crime, Denuncie, um mundo de histórias e sentimentos a serem desvendados pelo ouvinte, como se a cantora baiana fosse capaz de sintetizar o que há de mais amargo e doloroso na vida de qualquer indivíduo, fazendo disso a base para uma canção essencialmente doce.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.