Image

Ano: 2018

Selo: Atlantic / Three Twenty Three

Gênero: R&B, Soul, Pop

Para quem gosta de: Solange, Lion Babe e Syd

Ouça: Sticky e Closer (Ode 2 U)

8.0
8.0

Resenha: “Crush”, Ravyn Lenae

Ano: 2018

Selo: Atlantic / Three Twenty Three

Gênero: R&B, Soul, Pop

Para quem gosta de: Solange, Lion Babe e Syd

Ouça: Sticky e Closer (Ode 2 U)

/ Por: Cleber Facchi 16/02/2018

Você não precisa ir além da inaugural Sticky para embarcar na colorida viagem musical de Ravyn Lenae em Crush (2018, Atlantic / Three Twenty Three). Terceiro e mais recente EP de inéditas da cantora e compositora que já colaborou com nomes como Saba e Noname, o registro de cinco faixas mostra uma clara evolução em relação ao material originalmente testado nos antecessores Moon Shoes (2016) e Midnight Moonlight (2017). Uma viagem musical em direção ao passado, como um contínuo resgate do soul, pop e R&B dos anos 1970.

Terceiro capítulo da trilogia das cores de Lenae, Crush, como a própria capa indica, revela o completo romantismo, paixão e sensibilidade expressa pela cor vermelha. “Algo me disse que eu acabaria sozinha … Você sabe que não posso te sacudir / Você sabe que não posso quebrar você / Você apenas me engana, então você me perde“, canta na já citada Sticky, um turbulento exemplar da poesia emocional que rege o trabalho, postura reforçada na voz forte da artista, lembrando um encontro entre Kate Bush e Minnie Riperton.

Em Closer (Ode 2 U), o mesmo cuidado na construção dos versos e vozes, alicerce para a fina tapeçaria instrumental da canção, um cruzamento entre o funk psicodélico da década de 1970 e o neo-soul dos anos 1990, preferência que evidencia de forma coesa a completa interferência do produtor Steve Lacy. Mais conhecido pelo trabalho como integrante do coletivo The Internet, o músico transporta para dentro da canção a mesma atmosfera dos últimos registros autorais, como a coletânea Steve Lacy’s Demo, lançada no último ano.

Terceira faixa do álbum, Computer Luv talvez seja a composição em que a presença do produtor ecoa com maior naturalidade. Enquanto Lenae invade o mesmo universo de Solange em A Seat at The Table (2016), guitarras psicodélicas, batidas e passagens breves pelo R&B-rock de Miguel abrem passagem para a chegada de Lacy. Uma criativa colagem de referências que servem de estímulo para o lado mais acessível, pop, do trabalho, como um regresso temporário ao material entregue nos dois últimos EPs da cantora.

Faixa que mais se distancia do restante da obra, The Night Song pode até preservar a essência lisérgica montada pelo músico norte-americano, porém, a todo instante dialoga com o R&B convencional. Difícil não lembrar do elogiado Fin (2017), álbum de estreia da cantora Syd, artista que também conta com a produção de Lacy. Fragmentos que se revelam ao público em pequenas doses, valorizando a completa versatilidade de Lenae e minuciosos falsetes que servem de base para a canção.

Escolhida para o encerramento do disco, 4 Leaf Clover, também dividida com Lacy, mostra o lado mais inovador da cantora. Mesmo próxima do restante da obra, mergulhada em elementos do soul-pop-R&B, a canção de versos dolorosamente românticos encontra no uso de temas eletrônicos um provocativo exercício de transformação, flertando com a obra de veteranos como Prince, porém, a todo momento sendo capaz de dialogar com nomes recentes da música negra, vide a similaridade com NAO, Lion Babe e demais contemporâneos de Lenae.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.