Ano: 2018
Selo: GOOD Music / Def Jam
Gênero: Hip-Hop, Rap
Para quem gosta de: Kanye West e Kid Cudi
Ouça: Hard Piano e What Would Meek Do?
Ano: 2018
Selo: GOOD Music / Def Jam
Gênero: Hip-Hop, Rap
Para quem gosta de: Kanye West e Kid Cudi
Ouça: Hard Piano e What Would Meek Do?
Licenciada pelo custo de 85 mil dólares — valor pago do bolso do próprio Kanye West —, a caótica imagem de capa de Daytona (2018, GOOD Music / Def Jam), terceiro e mais recente álbum de inéditas de Pusha T, diz muito sobre o universo de pequenos excessos que orienta o trabalho do artista. Trata-se de uma fotografia tirada no banheiro Whitney Houston, em 2006, durante um período de forte instabilidade emocional e constante luta contra as drogas por parte da norte-americana. “Caos organizado”, resumiu o rapper em entrevista.
Sequência ao material apresentado em King Push – Darkest Before Dawn: The Prelude (2015), Daytona — o nome é uma “homenagem” ao Rolex Daytona, linha de relógios favorita do rapper —, se revela como uma obra atípica. São apenas sete faixas, parte expressiva delas produzidas individualmente por Kanye West, parceiro do rapper desde o fim das atividades do Clipse, antigo projeto de Pusha T. Um repertório econômico, mas não menos expressivo que toda a sequência de músicas assinadas pelo artista desde My Name Is My Name (2013).
Misto de passado e presente, cada composição do disco passeia por diferentes fases da carreira do rapper sem necessariamente parecer uma obra nostálgica. Perfeita representação desse conceito está na inaugural If You Know You Know, música em que reflete sobre o período em que atuou como traficante de drogas. O mesmo tema ecoa de forma ainda mais expressiva na faixa seguinte do disco, The Games We Play. Uma solução de rimas descritivas, essencialmente cruas, como uma narrativa suja que dialoga com a boa fase do artista nas primeiras mixtapes do Clipse.
Guiado pelo excesso, em Hard Piano, Pusha T se junta ao rapper Rick Ross, um dos raros convidado do disco, para costura rimas delirantes, sempre pontuadas por referências à cocaína, sexo e conquistas. Do título da canção, passando pela citação à cidade de Santo Domingo, capital da Republicana Dominicana, a “Mecca das Drogas”, cada fragmento da música parece pensado de forma a capturar o ouvinte. Mesmo a base da canção, pontuada pelos tradicionais pianos e batidas cíclicas de West, serve de estímulo para o crescimento da faixa.
É justamente nesse ponto que a produção de West se destaca e cresce, como um complemento à rima crua de Pusha T. Lembrando a boa fase do artista em Graduation (2007) e My Beautiful Dark Twisted Fantasy (2010), cada fragmento de Daytona se espalha em meio a beats certeiros e samples cuidadosamente selecionados. Retalhos instrumentais e poéticos que vão do rock progressivo da década de 1970 a clássicos do soul/R&B. Exemplo disso está na sequência formada por Come Back Baby e Santeria, porém, reforçada durante a montagem de What Would Meek Do?, música que se abre para a rápida passagem do rapper/produtor.
Dentro desse contexto, difícil não encarar Daytona como uma obra que tanto pertence a Pusha T como a Kanye West. Da escolha da capa à produção das faixas, cada elemento do disco parece pensado em conjunto, fazendo do álbum apenas o primeiro e bem-sucedido capítulo da sequência de cinco obras que West anunciou para este ano — entre eles, Kids See Ghosts, de Kid Cudi e Ye do próprio rapper. Frações de um projeto maior e em pleno processo de construção.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.