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Críticas

Loomer

: "Deserter"

Ano: 2017

Selo: Midsummer Madness / Sinewave

Gênero: Rock Alternativo, Shoegaze

Para quem gosta de: Wry e This Lonely Crowd

Ouça: Miles e Then You Go

7.5
7.5

Resenha: “Deserter”, Loomer

Ano: 2017

Selo: Midsummer Madness / Sinewave

Gênero: Rock Alternativo, Shoegaze

Para quem gosta de: Wry e This Lonely Crowd

Ouça: Miles e Then You Go

/ Por: Cleber Facchi 17/11/2017

Não são poucas as bandas brasileiras que insistem em replicar o som produzido por veteranos do rock alternativo no início dos anos 1990. Todavia, poucos parecem fazer isso de forma tão interessante quanto os integrantes do grupo gaúcho Loomer. Prova disso está no fino catálogo de obras que o quarteto formado por Stefano Fell (guitarras, voz), Richard La Rosa (guitarras), Fernanda Schabarum (baixo, voz) e Guilherme Figueiredo (bateria) vem produzindo desde a estreia com os EPs Mind Drops (2009) e Coward Soul (2010).

Entre paredões de ruídos, distorções e vozes maquiadas pelo uso de efeitos, a construção de uma sonoridade que mesmo referencial, íntima de gigantes como My Bloody Valentine e Dinosaur Jr., preserva a identidade da banda. Um exercício criativo que alcança novo enquadramento nas canções do recém-lançado Deserter (2017, Midsummer Madness / Sinewave). Dez faixas e pouco mais de 30 minutos em que o quarteto gaúcho amplia o território desbravado durante a produção do debute You Wouldn’t Anyway (2013).

Menos denso em relação ao trabalho que o antecede, Deserter investe nos instantes. São composições rápidas, faixas com pouco mais de três minutos, em que o quarteto gaúcho se revela por inteiro. Camadas de distorção que se estendem durante toda a execução da obra, sempre orientadas pela bateria dinâmica de Figueiredo. Uma estrutura quase frenética, como se o grupo dialogasse de forma expressiva com a boa fase de veteranos como Sonic Youth, vide a similaridade com o som testado pelo grupo nova-iorquino no começo dos anos 1990.

É justamente dentro desses pequenos instantes e brechas conceituais que o trabalho da Loomer cresce, prendendo a atenção do ouvinte. São guitarras melódicas que atravessam os ruídos de Mind Control e Stardust; a voz etérea de Schabarum, sutilmente espalhada ao fundo de Miles; texturas e camadas sobrepostas em Another Round; o sino badalando ao final de I Have To Stay. Uma imensa coleção de fragmentos instrumentais e ideias que mostram o esforço do grupo em se reinventar dentro de estúdio.

Dentro desse universo de pequenas possibilidades, versos marcados pela forte honestidade e profunda exposição do eu lírico ampliam a força de cada composição. Músicas que exploram o distanciamento entre os indivíduos, relacionamentos instáveis e crises existenciais. Um cuidado evidente desde a produção dos primeiros EPs da banda, principalmente o melancólico Coward Soul, mas que alcança novo resultado na poesia madura que orienta a experiência do ouvinte até a derradeira Opinion.

Perfeita continuação do som produzido pela banda durante o lançamento de You Wouldn’t Anyway, Deserter mostra o esforço da Loomer em preservar a própria identidade, porém, provando de novas possibilidades dentro de estúdio. Da abertura do disco, em Then you Go, passando por músicas como Miles e Mind Control, cada fragmento do disco indica a construção de um material que mesmo raivoso, cru, estabelece de maneira natural o uso de temas melódicos, reforçando o esmero dos integrantes durante a produção do trabalho.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.