Image
Críticas

Paul McCartney

: "Egypt Station"

Ano: 2018

Selo: Capitol

Gênero: Rock, Pop Rock

Para quem gosta de: John Lennon e George Harrison

Ouça: Come On To Me e Happy With You

6.5
6.5

Resenha: “Egypt Station”, Paul McCartney

Ano: 2018

Selo: Capitol

Gênero: Rock, Pop Rock

Para quem gosta de: John Lennon e George Harrison

Ouça: Come On To Me e Happy With You

/ Por: Cleber Facchi 14/09/2018

Como é bom perceber que mesmo depois de completar cinco décadas de carreira, Paul McCartney continua tão entusiasmado dentro de estúdio quanto em sua juventude. Prova disso está nas canções que recheiam o recém-lançado Egypt Station (2018, Capitol), 18º álbum de inéditas na carreira do ex-Beatle e um regresso conceitual ao mesmo pop-rock político e contemplativo originalmente testado pelo músico em obras como Tug of War (1982) e Pipes of Peace (1983).

Sequência ao material entregue há cinco anos, no “eletrônico” New (2013), obra em que contou com a produção de nomes como Paul Epworth (Adele, U2) e Mark Ronson (Amy Winehouse, Lady Gaga), Egypt Station talvez seja o trabalho em que McCartney mais se aproxima de sua fase clássica, dialogando de maneira explícita com o rock melódico dos anos 1960 e 1970, proposta que muitas vezes faz lembrar o trabalho do músico britânico nos Beatles ou mesmo em parceria com os integrantes do Wings.

De fato, o próprio McCartney comentou em seu site oficial que Egypt Station lembra os antigos “álbuns, álbuns” que ele e os antigos parceiros de banda produziram em estúdio. Composições pensadas em unidade, direcionamento que se reflete não apenas na estrutura melódica concebida para o trabalho, mas, principalmente, na poesia do disco. Um fino repertório centrado em conflitos políticos, relações pessoais, autodescoberta e o permanente senso de coletividade.

É como se cada composição do disco servisse de passagem para um cenário físico, os postos de parada que dão título à obra, e, ao mesmo tempo, uma representação subjetiva das inquietações expressa nos sentimentos do eu lírico. Não por acaso, McCartney escolheu uma tela pintada por ele próprio em 1988 como imagem de capa do disco — a tal “estação/parada do Egito”. Um colorido conjunto de elementos e formas abstratas que sintetizam o ziguezaguear de ideias do músico ao longo da obra.

Dentro desse cenário colorido, McCartney vai da poesia doce de Happy with You (“Eu ficava sentado o dia todo / Gostava de ficar chapado / E me desperdiçar /Mas hoje em dia não / Porque eu estou feliz com você“), ao canto enérgico de Come On To Me (“Bem, eu vi você mostrar um sorriso, que pareceu dizer / Que você queria mais do que conversa casual / Se você vem para mim, então eu vou para você“). Surgem até composições curiosas, como Back in Brazil, uma homenagem aos fãs brasileiros que costumam realizar pedidos de casamento durante as apresentações do músico no país.

Mesmo bem-sucedido, Egypt Station não consegue se esquivar de algumas composições menores. É o caso da descartável People Want Peace, balada que se apoia no discurso pacifista, porém, tropeça no aspecto pueril dos versos. O próprio excesso de músicas é outro claro defeito do registro, como se McCartney e o produtor Greg Kurstin fossem incapazes de manter a mesma consistência que marca a abertura do álbum. Instantes de breve desequilíbrio que lentamente diminuem a força e alcance da obra.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.