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Críticas

Flora Matos

: "Eletrocardiograma"

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Karol Conka e Tássia Reis

Ouça: Parando as Horas e Quando Você Vem

8.0
8.0

Resenha: “Eletrocardiograma”, Flora Matos

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Karol Conka e Tássia Reis

Ouça: Parando as Horas e Quando Você Vem

/ Por: Cleber Facchi 13/09/2017

No ritmo da batida, nas batidas do coração. Dominada pelos sentimentos e confissões românticas, Flora Matos encara o primeiro álbum em carreira solo, Eletrocardiograma (2017, Independente), como um reflexo dos próprios tormentos e experiências particulares. “Esse disco é como um monólogo de uma paixão. Aquelas paixões que nos levam a pensar que não dá pra viver sem a pessoa, mas que no final nos leva a refletir sobre amor próprio e nos recuperamos com garra“, resumiu em entrevista à Vice.

Conhecida pela série de colaborações assinadas em parceria com diferentes nomes do rap nacional, como Rashid (Que Assim Seja), Don L (Sangue É Champagne) e Edi Rock (Eu Canto Up Soul), a rapper brasiliense transporta para dentro do presente álbum o que há de mais sensível em toda a sequência de obras produzidas nos últimos anos. Da abertura do disco em Perdendo o Juízo, faixa em que joga com o eu lírico masculino, até alcançar a derradeira e já conhecida Preta de Quebrada, sobram fragmentos poéticos em que a alma e essência musical da artista se revela por completo.

Eu não fui programada pra jogar seu jogo / Mas, tô contando as horas pra te ver de novo … Queria poder te levar sem perguntar de quem / É com você que eu vou onde eu posso chamar de além“, rima em Parando as Horas, música que escancara o romantismo e a completa entrega da artista. Versos que ultrapassam o território particular de Matos, conversando com o isolamento de qualquer indivíduo apaixonado. Uma fuga intimista quando observamos outros projetos da cena nacional encabeçados por mulheres, quase sempre centrados em temas como o empoderamento feminino.

O mesmo romantismo se reflete ainda na poesia bilíngue de Quando Você Vem (SS). Entre versos cantados em português e inglês, efeito direto da interferência do parceiro Ahrel, Matos se desmancha aos poucos. “Quando você vem / Eu fico achando tudo tão bonito aqui / Enfeita minha realidade aqui“, entrega a cantora. Um som doce, hipnótico, completo com a faixa seguinte do álbum, O Jeito (“Não quero brinco de ouro, pulseira, anel e colar / Nem o melhor vestido se não for pra te encontrar / Só quero a liberdade de onde eu for te levar / Pegar na sua mão e se eu quiser te abraçar“).

Interessante perceber como mesmo dentro de uma temática tão específica, pro vezes previsível, Eletrocardiograma está longe de parecer um trabalho redundante, monotemático. Durante toda a execução do álbum, Matos se esforça em explorar as mais variadas nuances, conflitos e possibilidades da vida amorosa. Composições que choram a perda de um grande amor, ou mesmo versos que se entregam de forma apaixonada, mergulhando em experiências cotidianas tão próximas da artista quanto do público.

A mesma versatilidade que orienta a formação dos versos acaba se refletindo no rico mosaico instrumental que sustenta o disco. Junto de Matos, responsável pela produção de boa parte das faixas, um time seleto de produtores. São nomes como Iuri Riobranco (Perdendo o Juízo), Wills Bife (Me Ame em Miami), Nave (O Jeito) e Sants (Deixa Brilhar). Colaboradores responsáveis por garantir ritmo e cores ao trabalho da rapper, ampliando a carga emocional que sutilmente cresce no interior de cada composição.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.