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Ano: 2018

Selo: Virgin / EMI / Republic

Gênero: Pop Alternativo, Indie Pop

Para quem gosta de: Bat For Lashes e Marina & the Diamonds

Ouça: Patricia, Big God e Grace

6.0
6.0

Resenha: “High as Hope”, Florence + The Machine

Ano: 2018

Selo: Virgin / EMI / Republic

Gênero: Pop Alternativo, Indie Pop

Para quem gosta de: Bat For Lashes e Marina & the Diamonds

Ouça: Patricia, Big God e Grace

/ Por: Cleber Facchi 06/07/2018

Mesmo pensados de forma independente, dentro de uma estética particular, difícil não perceber a estrutura progressiva que conecta os três primeiros álbuns de estúdio de Florence + The Machine. Do pop barroco sutilmente apresentado em Lungs (2009) ao salto criativo em Ceremonials (2011) até alcançar o épico How Big, How Blue, How Beautiful (2015), obra em que parecia flertar com o rock de arena, cada registro assinado pela cantora e compositora britânica serve de alicerce para o trabalho seguinte, resultando em uma verdadeira escada conceitual.

Estranho perceber nas canções de High as Hope (2018, Virgin / EMI / Republic), quarto e mais recente álbum de inéditas de Florence Welch, uma fuga declarada desse mesmo universo criativo. Longe das orquestrações e temas épicos que pareciam revelar a imagem da cantora como uma figura mística, sempre grandiosa, cada elemento do presente disco se articula de forma contida, tímida em excesso, indicativo da temática contemplativa que acompanha o ouvinte até o último instante.

Como indicado durante o lançamento de Sky Full Of Song, canção escolhida para anunciar o disco, High as Hope parte sempre de uma estrutura econômica, em geral, guiada pela voz limpa de Welch. Um estímulo para a lenta inserção das batidas e temas instrumentais. Com base nessa estrutura, difícil não lembrar do trabalho de Fiona Apple em The Idler Wheel… (2012), efeito da forte similaridade no uso controlado dos arranjos, principalmente na forma como a percussão se revela aos poucos, complementar, correndo ao fundo de cada canção. Entretanto, enquanto o trabalho da norte-americana se projeta de forma grandiosa a cada novo ato, efeito da força avassaladora dos sentimentos explícitos nos versos, com o presente álbum, Welch parece encolher.

Parte desse propositado recolhimento nasce do direcionamento dado à poesia do disco. De essência intimista, como um olhar para a própria alma, High as Hope se espalha em meio a reflexões angustiadas, sempre sensíveis. “Você precisa de um grande deus / Grande o suficiente para manter o seu amor / Você precisa de um grande deus / Grande o suficiente para te preencher“, canta em Big God, uma seleção de versos indagadores que utilizam de referencias religiosas para reforçar o melancólico isolamento do eu lírico.

Curioso pensar que mesmo diminuto, High as Hope seja justamente o trabalho em que Welch mais se envolveu com outros compositores e músicos em estúdio. São nomes como Jamie XX e Kamasi Washington, na já citada Big God, Sampha e Tobias Jesso Jr. em Grace, além de colaborações rápidas, caso de Josh Tillman (Father John Misty), nas guitarras de 100 Years, e versos compartilhados com Andrew Wyatt (Miike Snow), na derradeira No Choir. Ideias e inserções pontuais, mas que em nenhum momento interferem na estrutura apresentada pela cantora e o produtor Emile Haynie logo na inaugural June.

É justamente esse controle excessivo que garante sustentação ao conceito intimista da obra, porém, prende o ouvinte em um ambiente que pouco surpreende ou evolui. Salve exceções, como na bem-sucedida homenagem à Patti Smith, em Patricia, Welch parece dar voltas em torno de um mesmo universo criativo. Da poesia introspectiva à formação dos arranjos, falta identidade e separação entre as faixas, direcionamento que inevitavelmente faz de High as Hope uma obra menor na discografia da cantora, resultando em uma seleção de faixas que beira o esquecível.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.