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Críticas

Belle and Sebastian

: "How To Solve Our Human Problems"

Ano: 2018

Selo: Matador

Gênero: Indie Pop, Folk, Indie

Para quem gosta de: Camera Obscura e Jens Lekman

Ouça: We Were Beautiful e I'll Be Your Pilot

7.5
7.5

Resenha: “How To Solve Our Human Problems”, Belle and Sebastian

Ano: 2018

Selo: Matador

Gênero: Indie Pop, Folk, Indie

Para quem gosta de: Camera Obscura e Jens Lekman

Ouça: We Were Beautiful e I'll Be Your Pilot

/ Por: Cleber Facchi 19/02/2018

Em mais de duas décadas de carreira, sobram composições preciosas e registros que transportaram o som produzido pelo Belle and Sebastian para diferentes territórios criativos. Um rico e extenso catálogo de obras que se estende desde a estreia do coletivo escocês, com o delicado Tigermilk (1996), e segue em meio a fragmentos isolados, EPs, coletâneas e trabalhos completos que naturalmente sintetizam a capacidade da banda em provar de novas sonoridades a cada invento autoral.

Curioso perceber em How To Solve Our Human Problems (2018, Matador), coletânea que reúne os três últimos EPs de inéditas produzidos pela banda, um criativo resumo de tudo aquilo que o coletivo escocês vem produzindo desde o início da carreira. Um misto de regresso e extensão do material detalhado pelo grupo durante a produção de Girls in Peacetime Want to Dance (2015), obra que aproximou o Belle and Sebastian de uma sonoridade ainda mais pop e dançante, por vezes íntimo da música disco.

Entregue ao público em pequenas doses, HTSHP sustenta no primeiro bloco de canções o lado mais acessível da banda, como um regresso inevitável ao material apresentado em Dear Catastrophe Waitress (2003) e The Life Pursuit (2006). São canções como Sweet Dew Lee e suas guitarras à la The Smiths, o breve diálogo com a música eletrônica em We Were Beautiful, uma das canções mais pegajosas do disco, além do pop romântico de Fickle Season, música orientada pelo canto doce de Sarah Martin, como uma passagem para o folk de Vashti Bunyan e outras cantoras da década de 1970.

Inaugurado pelo coro de vozes e guitarras nostálgicas de Show Me The Sun, música que abraça o pop rock da década de 1960, a segunda parte de HTSHP mostra toda a versatilidade do Belle and Sebastian. Sem necessariamente parecer uma obra confusa, cada fragmento do registro transporta o grupo escocês para um novo terreno. Do flerte com o soul em The Same Star ao romantismo brega de I’ll Be Your Pilot, música que parece resgatada do álbum The Boy with the Arab Strap (1998), diferentes ideias e sonoridades se revelam ao público em um curto espaço de tempo.

Menos inventiva, porém, ainda assim repleta de boas composições, a terceira e última parte do trabalho mostra o esforço do coletivo em costurar diferentes sonoridades de forma coesa. Inaugurada pelo pop nostálgico de Poor Boy, música que flerta com a obra de Prince, o registro se espalha vagaroso, sem pressa, fazendo de cada composição um objeto precioso. Difícil não se encantar por músicas como Best Friend e Too Many Tears, ambas dominadas por vozes femininas. Sobra até espaço para a segunda parte de Everything Is Now, faixa apresentada como um esboço instrumental no encerramento do primeiro EP.

Minucioso e sensível, como tudo aquilo que vem sendo produzido pelo Belle and Sebastian nos últimos anos, HTSHP segue a trilha de outros EPs produzidos pelo grupo escocês, caso de 3.. 6.. 9 Seconds of Light (1997) e Books (2003). Ideias e experimentos que antecipam a chegada de um novo registro de inéditas. Uma clara tentativa da banda em provar de novas sonoridades dentro de estúdio, porém, a todo instante sendo capaz de regressar ao mesmo universo criativo que vem sendo explorado pelo desde a década de 1990.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.