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Críticas

Godspeed You! Black Emperor

: "Luciferian Towers"

Ano: 2017

Selo: Constellation

Gênero: Experimental, Pós-Rock

Para quem gosta de: A Silver Mt. Zion e Mogwai

Ouça: Anthem for No State e Fam/Famine

8.0
8.0

Resenha: “Luciferian Towers”, Godspeed You! Black Emperor

Ano: 2017

Selo: Constellation

Gênero: Experimental, Pós-Rock

Para quem gosta de: A Silver Mt. Zion e Mogwai

Ouça: Anthem for No State e Fam/Famine

/ Por: Cleber Facchi 25/09/2017

Desde o regresso do Godspeed You! Black Emperor, em 2010, e consequente lançamento do grandioso ‘Allelujah! Don’t Bend! Ascend! (2012), cada novo registro de inéditas do coletivo canadense – e seus projetos paralelos, como Fuck Off Get Free… (2014) do Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra – tem se transformado em um verdadeiro objeto de destaque para os seguidores da banda. Uma obra marcada pela constante experimentação e entrega de cada colaborador do grupo.

Sexto trabalho de inéditas da banda de Montreal, Luciferian Towers (2017, Constellation) não apenas preserva essa sonoridade complexa, como transporta o ouvinte para dentro de um território marcado pela lenta desconstrução dos elementos. Pouco mais de 40 minutos que o grupo – hoje formado por Efrim Menuck, Mauro Pezzente, Mike Moyam Sophie Trudeau, Thierry Amar, David Bryant, Karl Lemieux, Aidan Girt e Tim Herzog –, parece brincar com as possibilidades dentro de estúdio.

Da mesma forma que nos principais registros de inéditas da banda, F♯ A♯ ∞ (1997) e Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven (2000), Luciferian Towers se sustenta a partir da organização de diferentes atos instrumentais em pequenos blocos temáticos. É o caso da ruidosa composição de Bosses Hang, música organizada em três fragmentos diferentes, mas que carrega na avalanche de ruídos e sobreposições etéreas uma forte aproximação estética, reforçando a homogeneidade em torno do projeto.

O mesmo cuidado se reflete na orquestral Anthem for No State. Três atos conceitualmente amarrados pela sutil variação dos arranjos e ambientações minimalistas, convidando o ouvinte a mergulhar em um oceano de temas melancólicos, como um parcial regresso ao período mais produtivo da banda, no início dos anos 2000. Um som propositadamente arrastado, denso e claustrofóbico, como se um mundo de histórias e personagens urbanos fossem detalhados mesmo na ausência de palavras.

Como um complemento aos principais blocos de canções, Luciferian Towers ainda conta com dois fragmentos isolados. O primeiro deles, a inaugural Undoing A Luciferian Towers, música pensada para se espalhar de forma vagarosa, detalhando guitarras sujas e ambientações que tocam a musica psicodélica. São quase oito minutos em que o coletivo canadense parece afinar os próprios instrumentos, se encontrando na porção final da faixa, ruidosa e hipnótico durante toda a execução.

Posicionada entre as porções que marcam Bosses Hang Anthem for No State, Fam/Famine parece amarrar as pontas desses dois extremos do Godspeed You! Black Emperor. Trata-se de uma faixa capaz de jogar com todas as possibilidades da banda, fatiada entre a leveza e o caos. Um experimento inaugurado de forma grandiosa, efeito da crescente sobreposição dos arranjos, mas que alcança novo resultado à medida que cada integrante assume uma posição de destaque dentro da faixa.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.