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Críticas

DVSN

: "Morning After"

Ano: 2017

Selo: OVO Sound / Warner Bros.

Gênero: R&B, Soul

Para quem gosta de: Drake e The Weeknd

Ouça: P.O.V., Morning After e Mood

7.8
7.8

Resenha: “Morning After”, DVSN

Ano: 2017

Selo: OVO Sound / Warner Bros.

Gênero: R&B, Soul

Para quem gosta de: Drake e The Weeknd

Ouça: P.O.V., Morning After e Mood

/ Por: Cleber Facchi 20/10/2017

Daniel Daley e o parceiro de produção, Paul Jefferies (Nineteen85), fizeram do primeiro álbum de estúdio como DVSN, Sept. 5th (2016), um campo aberto ao experimento com a música romântica, o soul e o R&B. Em um intervalo de poucos minutos, composições tomadas pela força dos sentimentos e pequenas confissões emocionais reforçaram a atmosfera melancólica/provocante que marca as canções produzidas pela dupla canadense, apontando de forma sensível a trilha para futuros lançamentos voltados ao projeto.

Segundo e mais recente álbum de inéditas da dupla, Morning After (2017, OVO Sound / Warner Bros.) preserva a essência do trabalho que o antecede, porém, acaba aproximando o duo original de Toronto de um novo catálogo de possibilidades. Composições que se entregam ao romantismo exagerado dos versos, mergulham no universo de relacionamentos instáveis e sutilmente convidam o ouvinte a se perder em um cenário consumido pela dor e o forte desgaste sentimental.

Quinta composição do disco, Don’t Choose talvez seja a melhor representação da temática sensível que orienta o trabalho. Enquanto os versos jogam com os conflitos do eu lírico (“Não escolha entre a cama e a minha hoje a noite / Não finja que está tudo bem com você / Eu me pergunto se você está realmente dizendo a verdade“), musicalmente, a faixa se abre para a inserção de fragmentos extraídos da obra de Isaac Hayes (1942 – 2008), reforçando a melancolia que ganha forma e cresce no interior da obra.

A busca por um som cada vez mais comercial, flertando com o Hip-Hop e a música pop, ecoa com naturalidade em diversos momentos ao longo da obra. Exemplo disso está no romantismo torto de Think About Me, composição que poderia facilmente ter saído de algum trabalho de conterrâneos como Drake e, principalmente, The Weeknd. Melodias e vozes descomplicadas, base para a “latina” faixa-título do disco, composição que parece pensada para dialogar com uma parcela ainda maior do público.

Importante reforçar que mesmo a busca por um som menos hermético não distancia a dupla do mesmo preciosismo que marca as canções do antecessor Sept. 5th, vide a delicada P.O.V.. Basta voltar os ouvidos para as camadas de vozes e texturas eletrônicas que assentam ao fundo da composição, convidando o ouvinte a se perder em um verdadeiro labirinto de sensações. Um cuidado também evidente no minimalismo de Mood, música que abraça o R&B tradicional de forma particular.

Como indicado no próprio título da obra — “manhã seguinte”, em português —, o segundo álbum de inéditas do DVSN nasce como um complemento direto ao trabalho finalizado há poucos meses pela dupla. Enquanto Sept. 5th parecia crescer em uma atmosfera essencialmente densa, por vezes claustrofóbica, Morning After vai além, fazendo de cada composição o estímulo para um material ainda mais acessível, pop, como uma lenta desconstrução e decidido passo na carreira dos canadenses.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.