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Críticas

The Weeknd

: "My Dear Melancholy,"

Ano: 2018

Selo: XO / Republic

Gênero: R&B, Pop, Hip-Hop

Para quem gosta de: Drake e Frank Ocean

Ouça: Call Out My Name e Hurt You

7.8
7.8

Resenha: “My Dear Melancholy,”, The Weeknd

Ano: 2018

Selo: XO / Republic

Gênero: R&B, Pop, Hip-Hop

Para quem gosta de: Drake e Frank Ocean

Ouça: Call Out My Name e Hurt You

/ Por: Cleber Facchi 05/04/2018

Um coração partido e centenas de versos de amor. Talvez pervertida pela lógica pobre inaugurada no comercial Kiss Land (2013), Abel Tesfaye sempre encontrou nas próprias desilusões amorosas o principal componente criativo para o trabalho como The Weeknd. Basta um rápido passeio pelas canções apresentadas nas três primeiras mixtapes do artista — House of Balloons, Thursday e Echoes of Silence, todas lançadas em 2011 —, para perceber a força dos versos e sentimentos detalhados em cada fragmento poético/instrumental assinado pelo artista.

Produto direto da separação entre o músico canadense e a cantora Selena Gomez, My Dear Melancholy, (2018, XO / Republic) talvez seja o trabalho que mais se aproxima desse conceito doloroso inicialmente testado por Tesfaye. São versos que sangram confissões românticas, olham para um passado ainda recente e se espalham em meio a batidas densas, sempre orquestradas pelo que há de mais intimista nas experiências de seu realizador.

Nós nos encontramos / Eu te ajudei a sair de um lugar quebrado / Você me deu conforto / Mas me apaixonar por você foi erro meu … Eu disse que não sentia nada, mas eu menti / Eu quase cortei um pedaço de mim pela sua vida“, canta em Call Out My Name, uma referência direta ao processo de separação de Gomez, além, claro, da recente cirurgia a qual a cantora se submeteu. Um misto de desespero, raiva, apego e confissão, como se Tesfaye resgatasse a mesma poesia angustiada de músicas como Wicked Games e Gone.

Para além da música de abertura do EP, My Dear Melancholy, segue uma dolorosa solução de versos até o último segundo. São composições como Hurt You (“E agora eu sei que o relacionamento é meu inimigo / Então fique longe de mim / Estou te avisando“) e Wasted Times (“E mesmo que você coloque minha vida no inferno / Eu não consigo esquecer de você“). Fragmentos que não apenas refletem a alma atormentada de Tesfaye, como parecem dialogar com as experiências de qualquer ouvinte sofredor.

Mesmo centrado na poesia melancólica do artista, faixa após faixa, o cantor canadense autoriza a interferência direta de um time seleto de colaboradores. São nomes como Nicolas Jaar, co-produtor da inaugural Call Out My Name, música também assinada em parceria com Frank Dukes, produtor executivo do álbum. Surgem ainda nomes como Skrillex, dono das batidas na semi-dançante Wasted Times, além de Guy-Manuel de Homem-Christo (Daft Punk), em Hurt You, junto de I Was Never There, uma das duas composições completas pela presença do produtor francês Gesaffelstein.

Pontuado pela inserção de samples e interpolações extraídas de antigas músicas produzidas por The Weeknd— como trechos de Starboy em Hurt You —, My Dear Melancholy, cresce como um estranho parque de diversões melancólico e particular do artista canadense. São pouco mais de 20 minutos e um limitado conjunto de faixas em que Tesfaye parece dizer mais sobre os próprios sentimentos do que toda a sequência de obras despejadas por ele próprio nos últimos anos.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.