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Críticas

Miya Folick

: "Premonitions"

Ano: 2018

Selo: Terrible / Interscope

Gênero: Indie Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: St. Vincent e Bat For Lashes

Ouça: Cost Your Love, Thingamajig e Stock Image

8.3
8.3

Resenha: “Premonitions”, Miya Folick

Ano: 2018

Selo: Terrible / Interscope

Gênero: Indie Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: St. Vincent e Bat For Lashes

Ouça: Cost Your Love, Thingamajig e Stock Image

/ Por: Cleber Facchi 06/11/2018

Instantes de profunda leveza intercalados com momentos de forte instabilidade poética, rítmica e emocional. Desde o início da carreira, esse tem sido o principal direcionamento criativo incorporado pela cantora e compositora norte-americana Miya Folick. Dona de uma voz forte, a jovem musicista vem fazendo das próprias composições a passagem para um universo de fina exposição sentimental, proposta que ganha ainda mais destaque nas canções de Premonitions (2018, Terrible / Interscope), primeiro álbum de estúdio da artista.

Concebido em um intervalo de poucos meses, o trabalho que conta com produção dividida entre Folick, Luke Niccoli, Justin Raisen e Yves Rothman (Angel Olsen, Sky Ferreira) segue trilha melódica que vinha sendo explorada pela cantora nos EPs Strange Darling (2015) e Give it to Me (2017). Canções que passeiam por diferentes décadas e tendências, indo do pop empoeirado de veteranos como Talking Heads e David Bowie, ao rock eletrônico de personagens recentes como Mitski, Japanese Breakfast e, principalmente, St. Vincent.

De fato, nítida é a influência de Annie Erin Clark durante toda a execução de Premontions, principalmente quando voltamos os ouvidos para obras como Marry Me (2007) e Actor (2009). Instantes em que Folick parece brincar com os contrastes, indo de músicas sensíveis, caso da inaugural Thingamajig, para composições grandiosas, vide a crescente faixa-título. Canções marcadas pelo vívido refinamento melódico, guitarras e sintetizadores sempre pontuais, como um complemento direto à poesia da artista, honesta durante toda a execução do álbum.

“Eu poderia me amar desta vez / Eu poderia ganhar a luta desta vez / É uma luz que eu anseio, mas quanto mais eu cavo, mais escuro / E o fogo não pode respirar no núcleo podre do meu coração“, canta em Cost Your Love, um indicativo do lirismo confessional que serve de sustento ao disco. Fragmentos poéticos em que Folick transforma as próprias desilusões e conflitos pessoais em música, porém, preservando a atmosfera pop que vem sendo incorporada desde o início da carreira, conceito explícito em músicas como a divertida Stop Talking.

Interessante notar que mesmo nessa declarada busca por um som cada vez mais acessível, íntimo do grande público, Folick em nenhum momento esquece de amadurecer e avançar criativamente. Exemplo disso está no refinamento poético de Stock Image, canção marcada pela forte subjetividade dos versos e entrega vocal da norte-americana. Cuidado também explícito em músicas como Baby Girl e What We’ve Madem, composição em que partilha do mesmo pop operístico de nomes como Bat For Lashes e Kate Bush, referência confessa na escalada instrumental que serve de sustento ao disco.

Misto de apresentação e nítido exercício de ruptura criativa na curta trajetória da artista, Premonitions concentra o que há de melhor no som produzido pela norte-americana, porém, sempre apontando para o futuro. Sem necessariamente buscar refúgio em um gênero ou conceito específico, cada composição do disco se espalha em meio a ideias e novas possibilidades, como um permanente ensaio. Do minimalismo e leveza que invade Thingamajig à explosão rítmica em Freak Out e Stock Image, todos os elementos se projetam de forma curiosa e particular dentro do presente invento de Folick, como um indicativo de tudo aquilo que a jovem musicista deve produzir pelos próximos anos.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.