Resenha: “Redemption”, Dawn Richard

/ Por: Cleber Facchi 29/11/2016

Artista: Dawn Richard
Gênero: Eletrônica, R&B, Alternativa
Acesse: http://www.dawnrichard.net/

 

Com o lançamento de Blackheart, em janeiro do último ano, Dawn Richard conseguiu atrair a atenção do público para a trilogia iniciada dois anos antes dentro do mediano Goldenheart (2013). Batidas e vozes frenéticas, versos melancólicos, o delicado flerte com o R&B, ambientações típicas da música eletrônica no começo dos anos 1990. Um imenso catálogo de ideias e referências que se completa com a chegada do novo registro de inéditas da cantora, o intenso Redemption (2016, Our Dawn Entertainment).

Terceiro e último capítulo da trilogia que explora diferentes aspectos do amor, separação e redenção, o álbum que conta com produção dividida entre Machinedrum e Noisecastle III talvez seja o trabalho mais acessível, pop, de toda a curta trajetória da cantora em carreira solo. Uma constante sensação de que todo o material produzido por Richard dentro do extinto coletivo Danity Kane foi resgatado e detalhado de forma coesa dentro do presente álbum.

A julgar pelo cuidado explícito na manipulação dos vocais e bases de Renegades e Love Under Lights, não seria um erro comparar o trabalho de Richard aos últimos lançamentos de Rihanna e Beyoncé. São temas eletrônicos que se dobram de forma a atender aos vocais da cantora, versátil durante a construção de cada fragmento de voz. Um tempero radiofônico que não apenas aproxima a artista das pistas, como de outros representantes de peso da música pop.

Interessante perceber que mesmo em busca de um som cada vez menos experimental, Richard e os parceiros de produção criam pequenas brechas, estabelecendo breves instantes de puro ineditismo. Produzida em parceria com o instrumentista Trombone Shorty, LA, quinta faixa do disco, talvez seja o melhor exemplo disso. Uma composição crescente, ponto de partida para a complexa interferência de sintetizadores tortos, além, claro, do inusitado uso de guitarras, instrumento sempre contido dentro da discografia de Richard.

Em um sentido oposto ao material apresentado há poucos meses durante o lançamento do delicado Infrared EP (2016), trabalho produzido em parceria com o nova-iorquino Kingdom, Redemption se esquiva do minimalismo em prol de um som grandioso, forte. Oitava faixa do disco, Lazarus sintetiza com naturalidade esse conceito. Vozes e batidas cíclicas que flutuam em meio a instantes de breve silenciamento, mas que acabam crescendo em meio a lenta sobreposição dos arranjos.

Entre canções complexas e interlúdios marcados pelo experimento, a construção de uma obra marcada pela surpresa. Ponto de partida para uma nova fase dentro da carreira de Richard, Redemption não apenas garante fechamento ao projeto autoral da cantora, como parece jogar com a novidade. A cada curva do disco, a passagem para um novo ambiente criativo, como se a incerteza fosse a única garantia deixada pela artista ao final do trabalho.

 

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Redemption (2016, Our Dawn Entertainment)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Tinashe, Rihanna e Kelela
Ouça: Renegades, Love Under Lights e Lazarus

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.