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Críticas

Jabu

: "Sleep Heavy"

Ano: 2017

Selo: Blackest Ever Black

Gênero: R&B, Lo-Fi, Experimental

Para quem gosta de: How To Dress Well e Rhye

Ouça: Let Me Know e Which Way

7.3
7.3

Resenha: “Sleep Heavy”, Jabu

Ano: 2017

Selo: Blackest Ever Black

Gênero: R&B, Lo-Fi, Experimental

Para quem gosta de: How To Dress Well e Rhye

Ouça: Let Me Know e Which Way

/ Por: Cleber Facchi 24/10/2017

Em 2010, quando Tom Krell apresentou ao público as canções do atmosférico Love Remains, primeiro álbum de estúdio como How To Dress Well, todo o esmero detalhado por diferentes artistas no R&B tradicional foi lentamente substituído por densas camadas de ruídos e texturas etéreas, como o princípio de uma nova fase para o gênero. Sete anos após o lançamento do delicado registro, além, claro, de obras como Nostalgia, Ultra (2011), de Frank Ocean, e Woman (2013), do Rhye, curioso perceber nas canções de Sleep Heavy (2017, Blackest Ever Black), uma parcial continuação das mesmas experiências.

Primeiro álbum de estúdio do trio Jabu, projeto comandado por Alex Rendall (voz), Jasmine Butt (voz) e Amos Childs (produção), o registro de 11 faixas encontra na delicada sobreposição dos arranjos e vozes o principal componente criativo para o fortalecimento da obra. Pouco menos de 40 minutos em que todos os elementos assentam lentamente no fundo do ouvinte, convidando o ouvinte a se perder em um cenário de exaltações românticas, sussurros e camadas de melancolia.

Assim como o experimento testado há três anos em Kwaidan (2014), EP de sete faixas que apresentou oficialmente o trabalho da banda, Sleep Heavy se divide entre composições maiores, sempre detalhistas, e vinhetas que acabam servindo de complemento ao núcleo central do registro. Instantes que se agrupam de forma a revelar o todo, como se o grupo jogasse com o minimalismo de forma propositada, arrastando o ouvinte para dentro de um território de pequenas sutilezas.

Ainda que a inaugural Let Me Know seja encarada como canção síntese do disco, mergulhando em ambientações soturnas e vozes propositadamente abafadas, ao avançar pelo trabalho, evidente é o esforço do trio em se reinventar musicalmente. Exemplo disso está nas batidas e melodias cuidadosamente exploradas em Get To You, música que resume como seria o trabalho de Balam Acab, oOoOO e Holy Other se a voz fosse encarada como um elemento essencial.

Nona faixa do disco, Which Way é outra que amplia o território musical desbravado pela banda desde a canção de abertura. Com um pé na psicodelia, a faixa marcada pelos ruídos e captações caseiras lentamente transporta o ouvinte para um cenário marcado pelo delírio. Sintetizadores e vozes que se perdem em um labirinto de sensações cósmicas, sonoridade detalhada de maneira similar no ambiente instável de On, faixa construída a partir de fragmentos etéreos e ruídos detalhados de forma crescente, hipnótica.

Interessante notar que a mesma atmosfera que captura a atenção do ouvinte é a que torna o trabalho uma por vezes obra arrastada. Não há como negar que Sleep Heavy acaba caindo em repetição em diversos momentos, como se o trio fosse incapaz de ultrapassar um universo de regras pré-estabelecidas. Um experimento particular dominado pelo uso de melodias, arranjos e temas sempre econômicos, como se o trio deixasse pequenas brechas a serem preenchidas pelo próprio ouvinte.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.